O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos publicou nesta terça-feira (30) uma lista de funcionários e empresários russos considerados próximos ao presidente Vladimir Putin e que podem ser objetos de sanções por suposta interferência nas eleições presidenciais americanas.
A lista de 210 nomes, 114 funcionários e 96 empresários, inclui o primeiro-ministro Dmitri Medvedev e o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.
A relação de sete páginas, que não implica sanções imediatas, inclui altos funcionários dos serviços de inteligência e executivos de empresas públicas como a gigante petroleira Rosneft e o banco Sberbank.
Putin reagiu com ironia e reclamou por não ter seu nome incluindo na lista de Washington.
"Eu me sinto ofendido, sabe?", afirmou o presidente russo, com um sorriso no rosto, ao citar uma frase de um famoso filme da era soviética.
"É, certamente, um ato inamistoso. Complica as relações entre Rússia e Estados Unidos e prejudica o conjunto das relações internacionais", completou durante uma entrevista coletiva na sede de sua campanha para as eleições presidenciais de março.
A publicação afeta ainda mais as tensas relações entre Estados Unidos e Rússia e pode ter consequências financeiras para os círculos mais próximos a Putin.
"Temos que analisar esta publicação, analisar especificamente esta lista que inclui membros da liderança da Rússia, o que não tem precedentes", disse o porta-voz do Kremlim, Dmitri Peskov.
"Não é a primeira vez que sofremos manifestações de agressividade e, por isso, não devemos ceder às emoções. Primeiro devemos compreender e depois expressar nossa posição", completou.
Unir mais a Rússia
Apesar de destacar que a lista "não é de nenhum modo uma sanção ou uma restrição", Peskov lamentou o "potencial para deteriorar a imagem reputação de nossas empresas, nossos empresários, funcionários políticos e dirigentes".
"Podemos perceber que de fato todos se chamam 'inimigos dos Estados Unidos'", afirmou.
Vários políticos reagiram à publicação da lista. O presidente da Duma, a câmara baixa do Parlamento, Viatcheslav Volodine, afirmou em um comunicado que "novas sanções contra a Rússia levarão a uma coesão mais forte de nossa sociedade".
"A inclusão nesta lista de sanções virtuais de toda a elite governante de nosso país significa que nossas relações (com Washington) estão realmente em um rompimento", disse Vladimir Djabarov, vice-presidente do Comitê de Relações Exteriores do Conselho da Federação, citado pela agência RIA Novosti.
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Nova incidência
O Tesouro americano tinha prazo até meia-noite de segunda-feira para publicar a lista, como estipula uma lei aprovada no ano passado pelo Congresso dos Estados Unidos.
A lei, que pretende punir a Rússia pela interferência nas eleições americanas, a anexação da Crimeia e sua política na Ucrânia, foi aprovada por ampla maioria do Congresso e promulgada em 2 de agosto de 2017 pelo presidente Donald Trump, que criticou vários de seus dispositivos mais importantes.
Opositores de Trump acusam o presidente americano de ter sido beneficiado pelo apoio de Moscou nas eleições presidenciais e de ser reticente a adotar sanções contra a Rússia.
Na segunda-feira, o Departamento de Estado americano considerou que esta lei levou governos estrangeiros a desistir de contratos de armamento com empresas russas e que, portanto, era inútil impor novas sanções no âmbito da venda de armas.
Ao mesmo tempo, o diretor da CIA, Mike Pompeo, afirmou em uma entrevista à BBC que as interferências russas nos Estados Unidos não pararam e que Moscou tentará influenciar os resultados das eleições legislativas de novembro.
"Não via uma redução importante de suas atividades", declarou Pompeo, em referência à suposta interferência russa nas eleições de 2016.
"Prevejo que continuem" nesse caminho, "mas tenho a convicção de que os Estados Unidos serão capazes de ter eleições livres e equitativas (e) que rechaçaremos (as ingerências) de maneira suficientemente eficaz para que seu impacto sobre nossas eleições não seja importante", afirmou.