Várias organizações humanitárias alertaram nesta segunda-feira (5) os países que recebem refugiados sírios no Oriente Médio e no Ocidente, contra o retorno forçado destes à Síria. As ONGs lamentaram em um relatório uma tendência alarmante a favor das expulsões.
"Centenas de milhares de refugiados pode se ver obrigados a retornar à Síria em 2018, apesar da continuidade da violência", afirmaram as organizações, incluindo o Conselho Norueguês para os Refugiados (CNR) e a CARE International.
O documento, com o título "Terreno perigoso", afirma que as medidas para devolver os refugiados a seus países ocupam um lugar cada vez mais importante nos planos dos Estados hóspedes.
"Enquanto a situação militar mudava na Síria e o contexto se prestava mais a uma retórica e políticas antirrefugiados no mundo, os governos começaram em 2017 a pressionar abertamente pelo retorno dos refugiados a seus países", indica o documento.
O número de refugiados que retornaram à Síria - onde a guerra deixou pelo menos 340.000 mortos desde 2011 - chegou a 721.000 no ano passado, contra 560.000 em 2016.
De acordo com o mesmo informe, um número três vezes superior de sírios foram obrigados a abandonar suas casas no ano passado. Para o ano de 2018 são esperados 1,5 milhão de deslocados adicionais.
"Atualmente, para a grande maioria dos sírios que fugiram da guerra e da violência, um retorno não seria seguro nem voluntário", declarou o secretário-geral do CNR, Jan Egeland. "Hospitais e escolas são alvos de ataques que provocam mortes, inclusive em algumas das chamadas zonas de distensão", completou, em referência à regiões nas quais os diferentes participantes do conflito assinaram acordos de trégua.
Preocupação
As ONGs expressaram preocupação com as medidas debatidas atualmente na Europa, incluindo Dinamarca e Alemanha, que poderiam provocar a devolução de refugiados.
Os países ricos receberam apenas 3% dos refugiados sírios. A maioria encontrou abrigo nos países vizinhos da Síria: Turquia, Líbano e Jordânia.
"Nestes países, a pressão para o retorno dos refugiados ficou evidente com o fechamento das fronteiras, expulsões e retornos forçados", destaca o relatório
Helle Thorning-Schmidt, diretora da ONG Save the Children, que ajudou na elaboração do documento, alertou para a questão das crianças.
"Nenhuma criança deveria ter que retornar para sua casa antes da situação ser considerada segura", disse.