O ex-presidente boliviano Gonzalo Sánchez de Lozada será julgado na Flórida, no sudeste dos Estados Unidos, por seu suposto papel no massacre de mais de 50 bolivianos durante uma onda de distúrbios em 2003, indicam documentos judiciais.
O julgamento de Sánchez de Lozada e de seu ministro da Defesa, José Carlos Sánchez Berzaín, pelo chamado "massacre de outubro" começará no dia 5 de março no tribunal federal de Fort Lauderdale, no norte de Miami, e durará duas semanas.
"O ex-presidente e seu ministro agora terão que ouvir enquanto testificamos sobre o que aconteceu", declarou Teófilo Baltazar Cerro, membro da comunidade indígena aymara que liderou os protestos contra as polêmicas políticas do então presidente.
"Estamos ansiosos por esta oportunidade histórica", acrescentou, citado pelo Centro de Direitos Constitucionais, que representa nove queixosos.
Membro do Movimento Nacional Revolucionário (MNR), Sánchez de Lozada, de 87 anos, fugiu da Bolívia para os Estados Unidos em 2003, quando renunciou ao seu segundo mandato em meio a revoltas populares e foi sucedido por seu vice-presidente, Carlos Mesa.
De acordo com uma declaração da organização do denunciante com sede em Nova York e datada de terça-feira, é "a primeira vez que um ex-chefe de Estado se sentará diante de seus acusadores em um julgamento civil de direitos humanos em um tribunal nos Estados Unidos".
Os protestos de 2003 foram liderados pelo produtor de coca Evo Morales, que mais tarde se tornaria presidente.