O tribunal de Praga deixou em liberdade nesta terça-feira (27) o líder curdo da Síria Saleh Muslim, detido no sábado (24) e cuja extradição foi solicitada pela Turquia, anunciou seu advogado, Miroslav Krutina.
Segundo ele, Muslim se comprometeu em colaborar com o procedimento de extradição solicitado pela Turquia.
O ex-dirigente do Partido da União Democrática (PYD) foi detido no sábado, em virtude de uma ordem da Interpol tramitada pela Turquia, que o classifica de "chefe de um grupo terrorista".
"Esta é uma decisão de apoio muito claro ao terrorismo", reagiu o porta-voz do governo turco, Bakir Bozdag, assegurando que a liberdade de Saleh Muslim terá "um impacto negativo nas relações entre a Turquia e a República Checa".
Por sua vez, o ministro turco da Justiça, Abdulhamit Gul, chamou a decisão do tribunal checo de "absolutamente inaceitável" e disse que seu governo acompanhará "de perto" o caso.
"Não estamos satisfeitos com esse veredito. Saleh Muslim participou nos últimos anos em ataques terroristas na Turquia", afirmou, por sua vez, o embaixador de Ancara em Praga, Ahmet Necati Bigali.
O juiz Jaroslav Pytloun se negou a comentar sua decisão, que foi comemorada por dezenas de curdos reunidos no lado de fora do tribunal no centro de Praga.
A Turquia já havia iniciado o processo para extraditá-lo, informou o ministério turco da Justiça.
Muslim está exposto em seu país à pena de 30 prisões perpétuas.
Em 2016, a Turquia emitiu uma ordem de prisão por seu suposto envolvimento, que ele nega, em um atentado em Ancara, onde morreram 29 pessoas.
A Turquia considera o PYD uma extensão do PKK, que luta contra o governo turco há três décadas.
O PYD, um movimento político curdo-sírio, é o braço político das Unidades de Proteção do Povo (YPG), a principal milícia curda da Síria, contra a qual a Turquia desatou, em janeiro, uma violenta ofensiva militar no reduto de Afrin, noroeste da Síria.