SÍRIA

ONU pede fim de 'banho de sangue' em Ghuta Oriental

O pedido foi feito à Moscou pelo embaixador francês da ONU Francois Delattre. Até agora, 1.162 civis já morreram

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Publicado em 12/03/2018 às 15:36
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O pedido foi feito à Moscou pelo embaixador francês da ONU Francois Delattre. Até agora, 1.162 civis já morreram - FOTO: Foto: AFP
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O regime sírio continou lançando suas bombas nesta segunda-feira (12) nas localidades rebeldes de Ghuta Oriental, no 23º dia de uma ofensiva devastadora que levou os diplomatas da ONU a exigir o fim do "banho de sangue".

Embora a intensidade dos bombardeios aéreos e disparos de artilharia tenha diminuído, várias localidades no encrave sitiado continuam a ser bombardeadas diariamente há mais de três semanas pelas forças do presidente Bashar al-Assad, apoiadas por seu aliado russo.

Em outra frente da complexa guerra na Síria, centenas de civis fugiram do reduto curdo de Afrin, no noroeste da Síria, diante do avanço do exército turco.

Em Ghuta, 1.162 civis morreram, incluindo 241 crianças, e mais de 4.400 foram feridos desde o lançamento, em 18 de fevereiro, pelo regime de uma campanha aérea de rara intensidade seguida de uma ofensiva terrestre para recuperar a última fortaleza rebelde próxima a Damasco, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Essas vítimas se somam às mais de 350 mil, incluindo 20 mil crianças, mortas desde o início da guerra no país, em 15 de março de 2011.

O regime conseguiu, graças a suas operações militares devastadoras, recuperar 60% do enclave e isolar as principais localidades, com o objetivo de enfraquecer os rebeldes e impedir a chegada de reforços.

'Hora de agir'

Nesta segunda-feira, os bombardeios se concentravam nas áreas de Harasta e Arbin, de acordo com o OSDH.

Os rebeldes responderam com disparos contra a capital Damasco, onde duas pessoas morreram, segundo a empresa estatal síria.

Em Duma, a maior cidade da região, a situação era relativamente calma com tiros esporádicos, em comparação com as últimas semanas, indicou um correspondente da AFP no local.

Aproveitando esse momento de calma, os habitantes saíram dos abrigos para inspecionar suas casas e abastecerem-se. Alguns percorriam as ruas devastadas, outros se reuniam em frente a uma açougue, sendo a carne bastante abundante no mercado graças aos agricultores que fugiram das áreas rurais tomadas pelas forças pró-regime.

Cerca de 400 mil habitantes do enclave rebelde sofrem desde 2013 com o cerco das forças pró-Assad e a nova ofensiva deteriorou ainda mais as condições de vida: escassez de comida, remédios e nenhum lugar para fugir.

Diante dessa situação considerada catastrófica pelas ONGs, os Estados Unidos apresentaram à ONU uma nova resolução para um cessar-fogo imediato, denunciando a atitude de Moscou e Damasco que "nunca tiveram a intenção de aplicar uma trégua". "Chegou o momento de agir", disse a embaixadora Nikki Haley.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu um acesso humanitário imediato à Ghuta Oriental, durante uma apresentação sobre a não implementação da trégua exigida há 15 dias pelo Conselho de Segurança. 

Sem citar a Rússia, ele também chamou "todos os Estados" para garantir que a trégua seja aplicada.

A França pediu a Moscou para "parar o banho de sangue", através de seu embaixador na ONU, Francois Delattre. 

Civis fogem de Afrin

Respondendo aos Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, o embaixador russo nas Nações Unidas, Vassily Nebenzia, disse que esses países não são motivados por considerações humanitárias, mas procuraram sobretudo defender grupos que se opõem ao regime sírio.

O regime de Assad, com o apoio vital da Rússia, conseguiu uma série de vitórias sobre os rebeldes e jihadistas e recuperar o controle de metade do território. 

Em outra frente da guerra, a vizinha Turquia continua sua ofensiva lançada no dia 20 de janeiro na região de Afrin para expulsar as forças das Unidades de Proteção do Povo (YPG), uma milícia curda.  As forças de Ancara agora controlam quase 60% deste enclave curdo e agora estão avançando de todos os lados para a cidade do mesmo nome, levando centenas de civis a fugir, de acordo com o OSDH.

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