Oriente Médio

Confrontos na fronteira entre Gaza e Israel tem sete palestinos mortos

Manifestantes queimaram pneus e jogaram pedras contra os soldados israelenses, gerando colunas de fumaça sobre a barreira de segurança

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Publicado em 06/04/2018 às 22:42
Foto: Mahmud Hams / AFP
Manifestantes queimaram pneus e jogaram pedras contra os soldados israelenses, gerando colunas de fumaça sobre a barreira de segurança - FOTO: Foto: Mahmud Hams / AFP
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Sete palestinos morreram e mais de 400 ficaram feridos por disparos de soldados israelenses durante os protestos desta sexta-feira (6) perto da fronteira entre Gaza e o Estado hebreu.

Seis jornalistas ficaram feridos, denunciou o Sindicato de Jornalistas Palestinos, assegurando que esses profissionais estavam devidamente identificados quando exerciam a sua função.

Há uma semana, 19 palestinos morreram em protestos e 1.400 ficaram feridos, no que foi o dia mais violento desde a guerra de 2014 entre Israel e o movimento islamita palestino Hamas.

Nesta sexta-feira, milhares de palestinos voltaram a se concentrar perto da barreira de segurança que separa o território israelense do enclave palestino controlado pelo Hamas, inimigo jurado do Estado judeu.

Os confrontos irromperam em vários pontos ao longo da cerca. Manifestantes queimaram pneus e jogaram pedras contra os soldados israelenses, gerando colunas de fumaça sobre a barreira de segurança, segundo correspondentes da AFP. Os militares responderam disparando bombas de gás lacrimogêneo e munição letal.

Segundo o Exército israelense, 20 mil palestinos participaram dos confrontos e alguns manifestantes "tentaram danificar e cruzar a barreira de segurança sob uma nuvem de fumaça provocada pelos pneus queimados".

Os manifestantes também lançaram artefatos explosivos e coquetéis Molotov, acrescentou o Exército, destacando que as forças respondiam "com meios antichoque e balas, conforme as regras".

Prevendo os protestos, jovens palestinos juntaram nos últimos dias muitos pneus para queimá-los e impedir uma visão clara dos atiradores de elite israelenses. Mas os soldados instalaram um enorme ventilador, de cerca de dois metros de altura, com o objetivo de dissipar a fumaça. Também usaram jatos d'água.

Nesta sexta-feira à noite, Israel informou ao responsável palestino encarregado da entrada de bens em Gaza sobre a suspensão "até nova ordem" da entrega de pneus na Faixa.

Mesmas ordens de disparo

O chefe do Hamas em Gaza, Yahya Sinuar, elogiou as manifestações e condenou o bloqueio israelense da Faixa de Gaza. "Disseram que Gaza abandonaria seus objetivos, seu projeto de libertação e (seu sonho) de voltar (...), mas Gaza está hoje aqui", lançou aos manifestantes a leste de Khan Yunis. 

Israel advertiu na quinta-feira que suas ordens de disparo aplicadas nas manifestações de 30 de março continuariam as mesmas durante os novos protestos, apesar das críticas da ONU e da União Europeia pelo uso de munição letal.

"Se houver provocação, haverá uma reação dura, como na semana passada. Não temos a intenção de mudar as ordens de disparo", advertiu na quinta-feira o ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, na rádio pública.

O enviado especial da ONU para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov, pediu às forças israelenses "contenção máxima", e aos palestinos, que evitem atritos.

O Kuwait, membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU, pediu nesta sexta a esta instância que adote uma declaração que exija moderação em Gaza e uma investigação independente sobre os confrontos entre palestinos e israelenses, como já havia feito uma semana antes.

E o embaixador palestino ante a ONU, Riyad Mansur, afirmou que as Nações Unidas não estão fazendo nada e que "estimula Israel" em suas operações contra os palestinos. Se o Conselho não agir, os palestinos poderão levar o assunto à Assembleia Geral da ONU, advertiu.

As manifestações desta sexta-feira eram, no entanto, menos numerosas do que as de uma semana atrás, de acordo com os correspondentes da AFP no local.

Alto risco

A mobilização de seis semanas prevista pelos palestinos exige o "direito de retorno" de cerca de 700 mil refugiados palestinos e de seus descendentes expulsos de suas terras após a guerra ocorrida na criação do Estado de Israel, em 1948. Também denunciam o estrito bloqueio imposto à Gaza por Israel.

A desesperança na Faixa de Gaza, atingida por guerras, pobreza, reclusão e bloqueio, alimenta a tensão e o ressentimento.

Além disso, um dos momentos de alto risco entre os dois vizinhos ocorrerá em meados de maio, quando a embaixada dos Estados Unidos será transferida de Tel Aviv para Jerusalém, uma decisão do presidente Donald Trump que indignou a comunidade muçulmana.

Em 15 de maio começa o jejum muçulmano do Ramadã e o "Nakba", a "catástrofe" (em árabe) que supôs para os palestinos a proclamação do Estado de Israel.

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