A primeira-ministra britânica Theresa May e o presidente francês enfrentam nesta segunda-feira (16), as críticas da oposição de seus respectivos parlamentos por causa da operação militar contra a Síria, que não foi alvo de unanimidade.
May comparecerá ante os deputados para explicar sua posição, em um país ainda marcado pela desastrosa invasão do Iraque em 2003 e sua posterior ocupação, que acabou na morte de 179 soldados britânicos e manchou o legado do então premiê, o trabalhista Tony Blair.
Na França, a Assembleia Nacional debaterá a participação do país na operação de sexta.
Segunda a primeira-ministra, os ataques pretendiam enviar uma "mensagem clara" contra o uso de armas químicas, semanas depois que foram usadas em solo inglês contra o ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha Yulia, em um atentado que Londres atribui à Rússia, o principal aliado de Assad.
Ainda não se sabe se a sessão concluirá com uma votação, que seria pura e simplesmente simbólica.
A oposição britânica acusa May de seguir cegamente as ordens do presidente americano Donald Trump.
"Theresa May deveria ter buscado a aprovação parlamentar invés de seguir Donald Trump", afirmou o líder da oposição, o trabalhalista Jeremy Corbyn.
"O Reino Unido tem de ter um papel de líder para conseguir um cessar-fogo, não obedecer as instruções de Washington", acrescentou.
Para o terceiro maior partido nacional, os democrata-liberais, May nada mais fez do que seguir as ordens de Trump, segundo seu líder Vince Cable.
Macron se defende
Os ataques de sexta para sábado na Síria foram a primeira operação militar de envergadura ordenada pelo presidente Emmanuel Macron, que assumiu há menos de um ano.
Em 2017, disse que o uso de armas químicas seria para ele uma "linha vermelha" que levaria a "uma resposta imediata".
Falando à imprensa em Paris, Macron disse que os ataques têm "legitimidade internacional", apesar de não estarem amparados por uma resolução da ONU.
Apesar disso, Macron foi criticado pela esquerda e pela direita.
A líder da Frente Nacional, direita radical, Marine Le Pen, o acusou de não ter demonstrado qualquer prova do uso de armas químicas na Síria, crítica à qual se uniu Jean-Luc Melenchon, que encabeça o partido de extrema-esquerda França Insubmissa, e o líder centrista Laurent Wauquiez.
"O presidente da República sabe muito bem que violou o direito internacional, e tenta inventar uma narrativa de legitimidade internacional", acusou Marine Le Pen.