Cerca de 10 mil pessoas pediram, neste domingo (22), em Santiago, o fim do sistema de pensões criado durante a ditadura de Augusto Pinochet, e a implementação de um novo, que melhore as aposentadorias dos chilenos, na primeira marcha do movimento 'No+AFP' no ano.
Com bandeiras nas mãos e palavras de ordem acompanhadas de trombetas e bumbos, aposentados e trabalhadores marcharam com suas famílias pelo centro da capital chilena. O principal alvo do protesto é o atual sistema controlado pelas Administradoras de Fundos de Pensões (AFP), que pagam pensões de cerca de 350 dólares (cerca de 1.200 reais), consideradas baixas pelos manifestantes.
"Este movimento busca melhorar as pensões, que no Chile continuam caindo especialmente para as mulheres", disse à imprensa Luis Mesica, principal dirigente do No+AFP.
"Essa é uma demanda muito sentida, transversal, que briga por pensões signas", acrescentou o líder deste movimento, nascido há cinco anos à margem de sindicatos, que rejeita o sistema previdenciário e protagonizou marchas que chegaram a superar 100 mil pessoas.
Modelo contestado
As AFP foram criadas em 1981 durante a ditadura de Pinochet (1973-1990) como um sistema pioneiro de capitalização completamente individual, tomado como modelo em vários países. Elas prometeram aos afiliados pagar uma pensão equivalente a 70% do último salario, algo muito distante do que hoje é visto.
Diante disso, os manifestantes demandam o fim do sistema e a criação de um novo, que seja financiado não apenas pelo trabalhador, mas também pelo empregador e pelo Estado.
A marcha aconteceu sem atritos, sob rigoroso controle policial.
O governo de direita de Sebastián Piñera, que assumiu em março passado, anunciou que apresentará no primeiro semestre deste ano um projeto de reformas de pensões que teria a inclusão de novos atores, como companhias de seguros, e a criação de uma AFP estatal.