SÍRIA

Israel ataca dezenas de alvos iranianos na Síria

O bombardeio, feito por Israel, aconteceu em represália a disparos de foguetes contra as suas bases no Golã

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Publicado em 10/05/2018 às 6:40
Foto: JALAA MAREY / AFP
O bombardeio, feito por Israel, aconteceu em represália a disparos de foguetes contra as suas bases no Golã - FOTO: Foto: JALAA MAREY / AFP
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Israel bombardeou quase todas as infraestruturas iranianas na Síria, em represália por disparos de foguetes contra suas posições no Golã, e advertiu que espera que o Irã "tenha entendido a mensagem".

"Atacamos quase todas as infraestruturas iranianas na Síria e não devem esquecer o ditado de que se uma chuva cair sobre nós, uma tempestade cairá sobre eles", afirmou o ministro israelense da Defesa, Avigdor Lieberman. "Espero que este episódio esteja resolvido e que eles tenham entendido", completou, em referência ao Irã.

A operação, uma das mais importantes do Exército israelense nos últimos anos e a de maior envergadura contra objetivos iranianos, visou a origem dos foguetes lançados (contra Golã) e instalações dos serviços de inteligência, logística e armazenamento", revelou o porta-voz militar Jonathan Conricus. O oficial salientou que Israel não busca uma "escalada" militar com o Irã. 

As posições israelenses no Golã sírio ocupado por Israel foram alvos de 20 foguetes do tipo Fajr ou Grad, disparados de acordo com o exército do Estado hebreu pelas forças iranianas.

Os foguetes foram lançados após meia-noite (18H00 de Brasília) a partir de posições na Síria das Brigadas Al-Qods contra as linhas do Exército hebreu em Golã, afirmou o coronel Conricus.

A Brigada Al-Qods é a força responsável pelas operações externas da Guarda Revolucionária, a unidade de elite do regime iraniano.

Os disparos não provocaram vítimas. Quatro projéteis foram interceptados pelos sistemas de defesa antiaéreos e os outros não atingiram o território israelense.

Israel reagiu com uma de suas operações aéreas mais importantes e "certamente a mais importante contra objetivos iranianos", disse Conricus.

Os aviões israelenses foram alvos de disparos da defesa antiaérea síria, mas todos retornaram a suas respectivas bases depois de atingir todos os objetivos da missão, completou o porta-voz militar.

Um correspondente da AFP constatou fortes explosões ao amanhecer desta quinta-feira na região de Damasco. A TV estatal síria mostrou imagens "ao vivo" de disparos iluminando o céu de Damasco e de vários mísseis destruídos pelos sistemas antiaéreos.

Alguns mísseis israelenses lançados contra o território sírio atingiram bases militares, um depósito de armas e um radar militar, informou a agência oficial síria Sana, que não divulgou as localizações.

O bombardeio

O exército israelense utilizou 28 aviões e disparou 70 mísseis contra as infraestruturas iranianas na Síria, afirmou o ministério da Defesa da Rússia, segundo o qual metade do projéteis foram destruídos pelo sistema de defesa antiaéreo sírio.

"Vinte e oito aviões israelenses F-15 e F-16 participaram nos bombardeios e dispararam 60 mísseis do tipo ar-terra contra várias regiões sírias", afirmou o ministério em um comunicado, que cita outros 10 mísseis "terra-terra disparados a partir de Israel".

Escalada militar?  

A ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) informou à AFP que os mísseis israelenses atingiram bases "do Hezbollah libanês a sudoeste da cidade de Homs e em Maadamiyat al-Cham, a oeste de Damasco, onde há combatentes iranianos, do Hezbollah e da 4ª Brigada" do Exército sírio. 

Nada permite determinar no momento se foi um ataque pontual ou o início de uma escalada militar, em um momento de grande tensão após a decisão do governo dos Estados Unidos de abandonar o acordo nuclear com o Irã e de vários ataques israelenses contra alvos iranianos na Síria.

"Não queremos uma escalada", insistiu o coronel Conricus, que advertiu ao mesmo tempo que qualquer ataque iraniano contra Israel receberá uma resposta forte. "Já pagaram um preço elevado esta noite e da próxima vez será ainda mais", completou.

A Rússia pediu "contenção" após os ataques israelenses. "Estabelecemos contatos com cada parte e pedimos a todos uma contenção", afirmou o vice-ministro das Relações Exteriores, Mikhail Bogdanov. "Certamente isto preocupa a todos", completou.

O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu uma "desescalada" entre Israel e Irã, anunciou um comunicado divulgado pelo governo. Ele deve abordar a questão em um encontro nesta quinta-feira com a chanceler alemã Angela Merkel.

Israel permanece em "estado de alerta elevado" e os moradores de Golã receberam a instrução de permanecer atentos às informações do comando militar. Na terça-feira, o exército solicitou a reabertura dos refúgios para civis.

Israel, que nos últimos meses atacou alvos iranianos em território sírio, se preparava há semanas para possíveis represálias iranianas a partir da Síria, em particular para disparos de mísseis.

Esta é a primeira vez desde o início da guerra na Síria em 2011 e da intervenção iraniana que Israel acusa o Irã de atacar seu território. Israel e Síria permanecem oficialmente em estado de guerra.

O governo de Bashar al-Assad tem o apoio militar de dois inimigos de Israel: o Irã e o movimento xiita libanês Hezbollah.

Na terça-feira, a aviação israelense atacou um depósito de armas iraniano perto de Damasco e matou 15 combatentes pró-governo, incluindo oito iranianos, segundo o OSDH. Israel afirma que não permitirá que a Síria sirva como base de operações do Irã contra seu território.

Israel ocupa desde 1967 uma área de 1.200 quilômetros quadrados nas Colinas de Golã, cuja anexação em 1981 nunca foi reconhecida pela comunidade internacional. Outros 510 quilômetros quadrados permanecem sob controle sírio.

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