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Irã volta a pedir 'garantias' aos signatários do acordo nuclear

Ministro pediu mais uma vez o acordo nuclear após os Estados Unidos decidirem deixar o pacto

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Publicado em 14/05/2018 às 21:30
Foto: Maxim Shemetov/ POOL / AFP
Ministro pediu mais uma vez o acordo nuclear após os Estados Unidos decidirem deixar o pacto - FOTO: Foto: Maxim Shemetov/ POOL / AFP
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O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Zarif, pediu mais uma vez, em Moscou, "garantias" de que os países que assinaram o acordo nuclear defenderão "os interesses de Teerã", depois que os Estados Unidos decidiram deixar o pacto na semana passada.

Nesta segunda etapa de sua viagem, Zarif se reuniu, em Moscou, com seu homólogo russo, Serguei Lavrov. No fim de semana, esteve em Pequim para consultas e, na terça-feira, deve chegar a Bruxelas, onde se reunirá com seus homólogos francês, alemão e britânico.

"O objetivo final de todos esses encontros é obter garantias de que os interesses do povo iraniano, assegurados pelo acordo, serão defendidos", declarou Zarif antes do encontro com Lavrov.

Ao fim da reunião, Zarif destacou uma "excelente cooperação" entre Rússia e Irã e indicou que Lavrov lhe prometeu "defender e se ater ao acordo".

O chanceler russo considerou, por sua vez, que russos e europeus devem "defender juntos seus interesses" nessa questão.

A retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear originou uma aproximação entre Moscou e os europeus, algo incomum no contexto de tensões dos últimos anos, estimulado pela guerra na Síria e na Ucrânia.

O presidente russo, Vladimir Putin, multiplicou os contatos na semana passada pela questão iraniana. Conversou com a chanceler alemã, Angela Merkel, e com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, colocando a Rússia no centro do tabuleiro, após o anúncio de Washington.

Merkel deve viajar Sochi, no sul da Rússia, em 18 de maio. Lá, reúne-se com Vladimir Putin, enquanto o presidente francês, Emmanuel Macron, vai a São Petersburgo no final de maio.

Putin também se reunirá com o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, em Sochi, segundo seu assessor Yuri Ushakov.

O secretário americano de Estado, Mike Pompeo, conversou nos últimos dias com seus homólogos dos países europeus signatários do acordo, para pedir que continuem com sua "forte cooperação" com Washington, informou nesta segunda-feira o departamento de Estado. 

Maja Kocijancic, porta-voz de Federica Mogherini, chefe da diplomacia europeia, disse à AFP que "o acordo com o Irã funciona e temos que fazer o máximo para preservá-lo".

'Marco futuro claro' 

Nos últimos anos, a Rússia se consolidou como um ator relevante no Oriente Médio, um papel reforçado por sua intervenção militar na Síria desde 2015 em apoio a Bashar al-Assad. O país mantém boas relações com países com interesses divergentes, ou rivais, do Irã à Turquia, passando por Israel.

As relações entre Rússia e Irã - outrora antagonistas - melhoraram desde o fim da Guerra Fria. Quando Teerã estava vetada por outras nações, Moscou aceitou retomar, em meados dos anos 1990, o contrato de construção da central nuclear de Bushehr (sul do Irã), abandonado pela Alemanha.

Alguns especialistas consideram que a Rússia pode se beneficiar economicamente da saída dos Estados Unidos do acordo, ao estar menos exposta do que a Europa às consequências de um restabelecimento das sanções contra a República Islâmica.

Os iranianos esperam "ser capazes de estabelecer um marco futuro claro para o acordo", segundo Zarif, que advertiu, porém, que o Irã está "preparado para todas as opções", caso seus interesses não sejam garantidos.

Na sexta-feira, afirmou que Teerã estava se preparando para retomar "o enriquecimento industrial" de urânio "sem qualquer restrição", salvo se a Europa der provas sólidas de que terá suas relações comerciais com o Irã.

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