O líder dos rebeldes no Iêmen fez um apelo para que os insurgentes enfrentem a ofensiva das forças pró-governo contra Hodeida, depois que a ONU pediu que este porto estratégico permaneça aberto para a entrega de ajuda humanitária ao país em guerra.
"Peço que enfrentem a ofensiva e enfrentem as forças da tirania", afirmou o líder rebelde Abdul Malik al-Huthi, que falou pela primeira vez desde o início da ofensiva.
"Devemos enviar reforços para a batalha da costa", completou o líder rebelde, que fez um apelo para que os rebeldes "transformem a costa oeste em um atoleiro para os invasores".
Com o temor internacional de uma interrupção na entrega de ajuda, o chefe da diplomacia iemenita, Khaled al-Yemani, tentou tranquilizar os líderes mundiais ao afirmar que o objetivo das forças leais não é a infraestrutura portuária da cidade da região oeste do país controlada pelos rebeldes desde 2014.
A ofensiva iniciada na quinta-feira (14) pelas forças governamentais, apoiadas pela coalizão liderada pela Arábia Saudita, para recuperar Hodeida provoca o temor da paralisação da ajuda essencial para a população deste país, afetado, segundo a ONU, pela "pior crise humanitária do mundo".
Após combates violentos que deixaram dezenas de mortos dos dois lados, as forças pró-governo chegaram ao aeroporto de Hodeida, que fica na entrada sul da cidade às margens do Mar Vermelho.
De acordo com fontes militares, os rebeldes protagonizam uma oposição violenta às forças leais ao governo.
A ONG Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC) indicou que os moradores de Hodeida estão confinados em suas casas.
A coalizão liderada por Riad atua no Iêmen desde março de 2015 para ajudar o presidente Abd Rabo Mansur Hadi, reconhecido pela comunidade internacional, a deter o progresso dos rebeldes que ocupam vastas regiões, incluindo a capital Sanaa.
Hadi, que vive no exílio em Riad, viajou na quinta-feira para Aden, a capital provisória no sul do Iêmen, para exercer sua autoridade, em sua primeira visita ao país em mais de um ano.
Mortos
A guerra no Iêmen deixou 10.000 mortos em mais de três anos e a batalha de Hodeida é a mais importante desde uma ofensiva de 2015 que permitiu às forças leais ao governo de Hadi recuperar várias regiões do sul, entre elas Aden.
Hodeida, grande porto do Mar Vermelho, serve como ponto de entrada para 70% das importações no empobrecido país e para a chegada de ajuda internacional. A coalizão internacional, no entanto, afirma que os rebeldes utilizam o local para o contrabando de armas.
O diretor do porto, Daud Fadhel, afirmou na quinta-feira que pretendia manter o local aberto, apesar da ofensiva.