Na mira das autoridades por seu frenesi de aquisições no exterior, o presidente do conglomerado chinês HNA, Wang Jian, morreu na França, após uma queda acidental, quando tentava tirar uma foto - anunciou o grupo nesta quarta-feira (4).
Wang Jian, presidente e fundador, morreu na terça-feira na região de Provence (sul), aos 57 anos, de acordo com um comunicado dessa empresa, ativa nos setores de turismo, logística e transporte aéreo. Wang visitava a localidade de Bonnieux, quando sofreu uma queda mortal, segundo os gendarmes. "Havia subido em um parapeito alto para tirar uma foto e caiu", disseram os gendarmes. Os bombeiros não conseguiram reanimá-lo.
Segundo uma fonte ligada ao caso, o empresário chinês quis ver a paisagem subindo em um pequeno muro. Para isso, tomou impulso e acabou sendo alavancado pela própria força, caindo de uma altura de dez metros. A brigada local da Gendarmeria encarregada da investigação aponta para um acidente.
Assim como no caso de Wanda (cinemas e imóveis), Fosun (lazer e turismo) e Anbang (seguradoras e hotelaria), o grupo HNA, fundado em 2000 na ilha de Hainan (sul), faz parte dos conglomerados que estão há um ano na mira dos reguladores chineses, preocupados com a amplitude dos empréstimos contraídos para financiar suas aquisições, especialmente no exterior.
"Choramos a perda de um dirigente excepcionalmente talentoso e de um modelo, cuja visão e valores continuarão servindo de guia para todos os que tiveram a sorte de conhecê-lo", acrescentou a HNA em seu comunicado.
Calcula-se que a riqueza desse discreto empresário é de 1,7 bilhão de dólares, segundo a revista americana "Forbes".
Wang se especializou em Aviação Civil na Universidade da China. Desde o início dos anos 1990, participou da fundação da Hainan Airlines.
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Crescimento preocupante
Segundo "The New York Times", Wang Jian pôde transformar a pequena empresa regional em um grande conglomerado, graças a uma colaboração, mantida em segredo durante muito tempo, com seu irmão Wang Wei, que vendia serviços e material para a Hainan Airlines.
O grupo, casa matriz da companhia aérea chinesa Hainan Airlines, desenvolveu-se rapidamente à base de aquisições.
Nos últimos dois anos, gastou pelo menos 50 bilhões de dólares em investimentos e compras de participações, não isentas de polêmica sobre a opacidade de suas complexas estruturas acionárias.
Assim, entrou no capital de várias companhias aéreas estrangeiras: Azul (Brasil), Aigle Azur (França), Virgin Australia (Austrália) e TAP (Portugal).
Em maio de 2017, tornou-se o primeiro acionista do banco alemão Deutsche Bank, com 9,9% das ações. Em outubro de 2016, o conglomerado já havia anunciado a aquisição de um quarto do capital dos hotéis Hilton, a 6,25 bilhões de dólares.
No setor da logística, participou do suíço Gategroup, fornecedor de serviços a bordo para o transporte aéreo. Também anunciou em 2016 compra do braço de aluguel de aviões do grupo americano CIT por 10 bilhões de dólares.
No final de 2017, a HNA anunciou que sua dívida total chegava a 638 bilhões de iuanes (94,8 bilhões de dólares), um aumento de 36% em relação ao final de 2016.