O número de mortos nos incêndios nos arredores de Atenas subiu para 74 nesta terça-feira (24), anunciou a porta-voz dos Bombeiros, Stavroula Maliri, revisando o boletim anterior, de 60 óbitos.
Estes números não são definitivos. Uma centena de bombeiros continua em busca de possíveis vítimas na região turística à margem do Atlântico, que foi surpreendida pelas chamas na segunda-feira à tarde.
Nesta terça, os corpos carbonizados de 26 pessoas foram encontrados em uma casa em Mati, costa oriental da região de Ática.
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Os corpos das vítimas estavam abraçados e carbonizados, segundo um fotógrafo da AFP.
Aparentemente, não conseguiram chegar ao mar para se protegerem das chamas, avaliaram os bombeiros, acrescentando que o incêndio foi controlado em Ática. Continua muito ativo, porém, em Kineta, 50 quilômetros ao oeste de Atenas.
Segundo a porta-voz dois Bombeiros, de um total de 187 pessoas hospitalizadas, 82 seguiam sob tratamento nesta terça-feira à tarde.
Entre os mortos confirmados há uma mãe polonesa e seu filho, de acordo com Varsóvia, assim como um cidadão belga identificado como Didier Reynders pelo ministro das Relações Exteriores da Bélgica.
Os moradores das áreas afetadas continuam a assinalar desaparecidos, principalmente junto aos três postos da Cruz Vermelha instalados na região, afirmou à AFP Georgia Trisbioti, uma porta-voz da organização.
"As pessoas estão chocadas, perdidas. Algumas perderam tudo, filhos, parentes, casas", declarou, comovida.
"Hoje a Grécia está de luto", afirmou por sua vez o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, que anunciou em um pronunciamento oficial três dias de luto nacional.
Autoridades e testemunhas descrevem um dilúvio de chamas que se abateu na segunda-feira à tarde na região, surpreendendo as vítimas em suas casas e veículos.
"Vi as chamas em frente à janela do hotel, pensei que ia explodir", contou Alina Marzin, uma turista alemã de 20 anos que na segunda-feira à noite estava no hotel Cabo Verde de Mati com seus pais e seu irmão.
'Avanço fulgurante'
Segundo o secretário-geral da Defesa Civil, Yannis Kapakis, os incêndios foram avivados por ventos de mais de 100 km/h, uma "situação extrema".
"Os ventos provocaram um avanço fulgurante do fogo na malha urbana", explicou a porta-voz dos Bombeiros, Stavroula Maliri.
"Mati não existe mais", declarou o prefeito de Rafina, Evangélos Bournous, contabilizando "mais de mil construções e 300 veículos" afetados.
Os sobreviventes passaram horas de angústia em meio às nuvens de cinzas à beira mar, à espera do socorro.
Cerca de 715 pessoas foram resgatadas por mar.
Autoridades e voluntários se organizam para ajudar as vítimas, com coleta e distribuição de água, comida e roupas, enquanto os desabrigados foram enviados a hotéis.
Seis pessoas morreram no mar, onde as buscas continuam. A identificação das vítimas será longa, uma vez que esta região é bastante frequentada por turistas estrangeiros.
- Ajuda externa -
O país, que ativou o Mecanismo Europeu de Defesa Civil, tem recebido ajuda - principalmente aérea - da Espanha, França, Israel, Bulgária, Turquia, Itália, Macedônia, Portugal e Croácia, enquanto mensagens de condolências chegavam do exterior.
"A Comissão Europeia não poupará esforços para ajudar a Grécia", tuitou seu presidente Jean-Claude Juncker.
A Procuradoria do Supremo Tribunal abriu uma investigação sobre as causas do incidente.
Antecipando-se a uma possível polêmica sobre a resposta do aparato estatal, o governo enfatizou que enfrentava um fenômeno "extremo" e "assimétrico", segundo Tsipras.
O porta-voz do governo, Dimitris Tzanakopoulos, observou que "15 incêndios começaram simultaneamente em três frentes diferentes" em Attica.
Os Estados Unidos emprestaram um drone para sobrevoar Attica e "observar e detectar qualquer atividade suspeita", acrescentou.
A presidência da República cancelou a recepção anual marcada para esta terça-feira para comemorar a restauração da democracia na Grécia em julho de 1974.
A Grécia enfrenta uma onda de calor com temperaturas de até 40ºC.