Os colégios eleitorais abriram, nesta quarta-feira (25), no Paquistão, para tensas e imprevisíveis eleições legislativas, marcadas por um atentado suicida que deixou pelo menos 30 mortos.
Na cidade de Qetta, um homem-bomba provocou a morte de pelo menos 30 pessoas e deixou dezenas de feridos.
O grupo extremista Estado Islâmico (EI) assumiu a autoria do ataque, que aumenta ainda mais a a tensão eleitoral, após uma campanha com vários atentados e acusações de ingerência do Exército.
Cerca de 106 milhões de eleitores são esperados para comparecerem às urnas em um país de 207 milhões de pessoas, para eleger seus deputados para os próximos cinco anos. A sigla vencedora será chamada para formar o novo governo federal.
Imran Khan, líder do Paquistão Tehreek-e-Insaf (PTI) e ex-estrela do críquete, é o principal candidato ao posto de premiê, junto com Shahbaz Sharif, irmão do ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif, líder da Liga Muçulmana do Paquistão-Nawaz (PML-N).
Essa eleição não é apenas a segunda transição democrática de um governo civil para outro em um país, cuja história está marcada pelos golpes de Estado militares e pelos assassinatos de políticos.
Também é considerada a "eleição mais suja", devido às acusações de conchavos por parte das Forças Armadas, que podem ter beneficiado Khan.
Os mais de 85.000 postos eleitorais abriram suas portas às 3h GMT (0h00 em Brasília) e fecham às 13h GMT (10h em Brasília). Os primeiros resultados devem começar a ser divulgados nesta quarta à noite.
A primeira pessoa a entrar em um dos postos eleitorais da cidade de Lahore (leste) foi a empresária Maryum Arif, que disse à AFP que votará no PML-N por ter "servido ao Paquistão".
Pouco depois chegou Shahbaz Sharif, que pediu aos paquistaneses que "saiam de suas casas (...) e mudem o destino do Paquistão", antes de depositar seu próprio voto.
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Até 80.000 policiais e forças militares se encontram posicionados nos colégios eleitorais de todo país, diante do temor de novos ataques. Durante a campanha, morreram mais de 180 pessoas em vários atentados, incluindo três candidatos.
Além do atentado em Qetta, um policial faleceu, vítima de uma granada em um colégio eleitoral do distrito de Khuzdar, no Baluquistão. Um militante do partido de Khan morreu, e outros três ficaram feridos em um tiroteio com simpatizantes de seu oponente eleitoral, o ANP, informou a Polícia.
'Nebuloso'
Em Bani Gala, na periferia da capital, Islamabad, a imprensa estava reunida no colégio onde Khan deve votar. A ex-estrela do esporte fez campanha com a promessa de construir um "Novo Paquistão" e se comprometeu a erradicar a corrupção, cuidar do meio ambiente e construir um "estado islâmico de bem-estar".
Sua campanha foi ofuscada pelas acusações de que teria o apoio das poderosas instituições de segurança do país. Veículos de comunicação e ativistas denunciam um "golpe silencioso" dos generais.
Os militares rejeitaram as acusações, garantindo não terem um "papel direto" na eleição.
As autoridades eleitorais concederam amplos poderes aos oficiais militares dentro dos colégios eleitorais, o que aumentou os temores sobre uma possível manipulação.
Já Sharif acusa as Forças Armadas e a Justiça de terem feito todo o possível para prejudicar seu partido.
Mais de 19 milhões de novos eleitores, entre eles jovens e mulheres, podem ser decisivos nessa acirrada corrida eleitoral.