Os pedidos de informações básicas feitos pelas instituições de defesa dos direitos humanos da Nicarágua e pela diplomacia brasileira sobre o assassinato da pernambucana Raynéia Gabrielle de Lima, de 31 anos, foram negados pelo governo de Daniel Ortega. A testemunha principal, o namorado da brasileira, está escondido. As informações são do Jornal Estado de S. Paulo.
O governo da Nicarágua afirmou que a estudante de medicina foi assassinada por um segurança privado, mas não informou os detalhes sobre o calibre da arma e por quantos disparos ela foi atingida. As Organizações Não-Governamentais (ONGs) e o reitor da Universidade onde Raynéia estudava, sustentam a afirmação de que ela foi assassinada por paramilitares a serviço do presidente Daniel Ortega.
“A polícia desqualificou apressadamente qualquer hipótese que vincule os paramilitares ao fato”, afirmou Gonzalo Carrión, defensor do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (CENIDH), estranhando a rapidez do comunicado da polícia nessa terça-feira (24). “Não há informação de quantos disparos a atingiram, nem sobre onde está o veículo, retirado rapidamente do lugar. Não houve nem isolamento da cena do crime, algo comum nesse tipo de delito”, finalizou.
De acordo com o Instituto de Medicina Legal (IML) de Manágua, a pernambucana morreu em razão de feridas de arma de fogo no tórax e no abdômen. O corpo será entregue às autoridades brasileiras assim que elas se apresentarem para retira-lo. As informações necessárias para a remoção do cadáver já foram repassadas para a delegada de assuntos consulares da embaixada brasileira.
Comunicado da Universidade
A Universidade Americana (UAM) lamentou o assassinato de Raynéia e condenou a repressão, a violência e a criminalização contra a população nicaraguense. Os professores falaram por todos os estudantes que precisaram sair do país por causada da situação sociopolítica.
Governo Brasileiro
O governo brasileiro está enfrentando dificuldades para receber informações sobre o caso. O presidente Michel Temer afirmou nesta quinta-feira (25) que o Brasil não podia admitir o assassinato da estudante sem tomar providências a respeito.
Em nota, o Itamaraty condenou o aprofundamento da repressão, o uso da força desproporcional e letal da força e o emprego de grupos paramilitares em operações coordenadas pelas equipes de segurança, além de repudiar a perseguição de estudantes defensores dos direitos humanos.
O caso
A pernambucana foi assassinada a tiros quando voltava para a casa onde morava com o namorado, no bairro Lomas de Montserrat, na capital da Nicarágua, que passa por uma onda de protestos contra Daniel Ortega. De acordo com amigos da estudante, ela não participava de nenhum tipo de manifestação no país.
Segundo as informações moradores da região, o crime aconteceu por volta das 23h da segunda-feira (23) e foram efetuados dez tiros. A informação de que o carro foi metralhado não foi confirmada. A suspeita é que o casal tenha sido abordado no semáforo por homens encapuzados e ao ficar nervosa, Raynéia movimentou o carro. Essa hipótese não foi confirmada pela polícia do país.