Segundo informações do Vaticano, o papa Francisco realizou, neste sábado (25), um encontro com oito vítimas irlandesas de abusos cometidos por religiosos no país. "O papa Francisco se reuniu na noite deste sábado durante uma hora e meia com oito sobreviventes de abusos cometidos por clérigos, religiosos ou em instituições" da Igreja, explicou o porta-voz do Vaticano, Greg Kerry.
Desde 2002, mais de 14.500 pessoas se declararam vítimas de abusos sexuais cometidos por padres na Irlanda.
Vítimas
Entre as oito pessoas se encontrava uma vítima, que quis permanecer anônima, do padre católico Tony Walsh, que abusou de crianças durante duas décadas antes de ser preso. O papa também recebeu Marie Collins, uma septuagenária irlandesa que foi vítima aos 13 anos de um sacerdote quando estava em um hospital.
O papa também recebeu a porta-voz dos "sobreviventes": Marie Collins, uma septuagenária irlandesa, que foi vítima aos 13 anos de um sacerdote quando estava em um hospital.
O padre Patrick McCafferty, também recebido pelo papa, foi agredido quando era seminarista nos anos 1980.
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Irlanda pede Justiça
O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, pediu ao papa Francisco que se faça "justiça" às vítimas de abusos cometidos por membros do clero, enquanto o pontífice reconheceu sua "vergonha" por esses crimes.
Varadkar, que é abertamente homossexual e símbolo de uma nova Irlanda liberal, fez um apelo para que as "vítimas e os sobreviventes obtenham justiça, verdade e cura". "Santo Padre, peço que use sua posição e influência para conseguir este feito aqui na Irlanda e em todo o mundo", clamou ao lado do pontífice.
"É uma história triste e vergonhosa, uma mancha em nosso Estado, nossa sociedade e na Igreja Católica", estimou Varadkar.
'Sofrimento e vergonha'
Após escutar seu interlocutor, o papa Francisco reconheceu sua "vergonha" diante do fracasso da Igreja por não ter enfrentado adequadamente os "crimes ignóbeis" do clero na Irlanda.
"O fracasso das autoridades eclesiásticas - bispos, religiosos superiores, sacerdotes e outros - para tratar adequadamente estes crimes repugnantes provoca indignação e continua a causar sofrimento e constrangimento à comunidade católica. Eu mesmo compartilho esses sentimentos", declarou o papa numa intervenção sobre esta questão.
O pontífice direcionou um pensamento particular às "mulheres que no passado sofreram situações de particular dificuldade". "Eu não posso deixar de reconhecer o grave escândalo causado na Irlanda pelos abusos de menores por parte de membros da Igreja encarregados de protegê-los e educá-los".
O papa argentino se referiu ao seu predecessor Bento XVI, que em 2010 havia escrito uma carta a todos os católicos irlandeses.
"Sua intervenção franca e decisiva serve ainda hoje de incentivo aos esforços das autoridades eclesiais para remediar os erros do passado e adotar padrões rigorosos para garantir que não voltem a acontecer", disse Francisco.
"A Igreja na Irlanda teve, no passado e no presente, um papel de promoção do bem que não pode ser ocultado", ressaltou em seu discurso, acrescentando: "Espero que a gravidade dos escândalos dos abusos, que revelaram as falhas de muitos, sirva para enfatizar a importância da proteção dos menores e dos adultos vulneráveis ??por toda a sociedade."