O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, diz que está disposto a conversar com seu colega norte-americano, Donald Trump, para enfrentar a crise em seu país, embora denuncie o risco de uma "intervenção militar" dos Estados Unidos.
"Eu disse que estou disposto a falar com ele", declarou Ortega em entrevista à rede France 24, que será transmitida nesta segunda-feira."
"O princípio da troca, do diálogo com uma potência como os Estados Unidos (...) é algo necessário e essencial", acrescentou o presidente da Nicarágua.
O presidente da Nicarágua, no entanto, acusa os Estados Unidos de estarem por trás das manifestações da oposição que começaram em abril e os acusa de tentar derrubá-lo.
"Estamos simplesmente sob a ameaça dos Estados Unidos", disse Ortega. "Nada pode ser descartado dos Estados Unidos, mesmo uma intervenção do tipo militar", disse ele.
Durante a década de 1980, o governo sandinista, que surgiu da revolução contra o ditador Anastasio Somoza, teve que enfrentar os "contras", o nome da guerrilha de direita financiada pelos Estados Unidos e, no início, treinada e apoiada pela ditadura militar argentina.
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Reação
Manifestações de oposição começaram em meados de abril e se espalharam por todo o país como uma reação à repressão. Até agora elas deixaram mais de 320 mortos e 2.000 feridos.
A crise começou em 18 de abril com manifestações contra uma reforma da previdência social, agora abandonada, seguida de outras manifestações para exigir a saída de Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo.
Ortega, 72 anos e os 11 últimos no poder, é acusado por seus oponentes de ter estabelecido uma ditadura corrupta baseada no nepotismo.