As populações de vertebrados silvestres, como mamíferos, pássaros, peixes, répteis e anfíbios, sofreram uma redução de 60% entre 1970 e 2014 devido à ação humana, anunciou o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) nesta terça-feira (29).
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"Preservar a natureza não é apenas proteger os tigres, pandas, baleias e animais que apreciamos (...). É muito mais: não pode haver um futuro saudável e próspero para os homens em um planeta com o clima desestabilizado, os oceanos sujos, os solos degradados e as matas vazias, um planeta despojado de sua biodiversidade", declarou o diretor da WWF, Marco Lambertini.
O declive da fauna afeta todo o planeta, com regiões especialmente prejudicadas, como os Trópicos, segundo a 12ª edição deste relatório publicado com a Sociedade Zoológica de Londres e baseado no acompanhamento de 16.700 populações de 4 mil espécies.
O décimo relatório revelava uma redução de 52% entre 1970 e 2010 e nada parece deter este declive, que agora é de 60%.
A zona Caribe/América do Sul revela um quadro "aterrador": um declive de 89% em 44 anos.
América do Norte e Groenlândia sofreram as menores reduções da fauna, com 23%. Europa, Norte da África e Oriente Médio apresentaram um declive de 31%
A primeira explicação é a perda dos habitats devido à agricultura intensiva, à mineração e à urbanização, que provocam o desmatamento e o esgotamento dos solos.
No Brasil, que acaba de eleger um presidente cujo programa de governo não fala em desmatamento ou no aquecimento global, a selva amazônica se reduz cada vez mais, do mesmo modo que o Cerrado, diante do avanço da agricultura e da pecuária.
Em nível mundial, apenas 25% dos solos estão livres da marca do homem. Em 2050, isto cairá para apenas 10%, segundo pesquisadores do IPBES.
A isso se soma o excesso de pesca, a caça proibida, a contaminação, as espécies invasoras, as doenças e as mudanças climáticas.
'Nossa oportunidade'
"O desaparecimento do capital natural é um problema ético, mas também tem consequências em nosso desenvolvimento, nossos empregos, e começamos a ver isto", assinalou Pascal Canfin, diretor-geral do WWF França.
"Pescamos menos que há 20 anos porque as reservas diminuem. O rendimento de alguns cultivos começa a cair. Na França, o trigo está estancado desde os anos 2000. Estamos jogando pedras em nosso próprio telhado".
Os economistas avaliam os "serviços devolvidos pela natureza" (água, polinização, estabilidade dos solos e etc.) em 1,25 trilhão de dólares anuais.
A cada ano, o dia em que o mundo já consumiu todos os recursos que o planeta pode renovar anualmente chega mais cedo. Em 2018 foi em 1º de agosto.
"O futuro das espécies não parece chamar a atenção suficiente dos líderes" mundiais, alerta a WWF, que defende "elevar o nível de alerta" e provocar um amplo movimento, como se fez pelo clima. "Que todo o mundo compreenda que o status quo não é uma opção".
"Somos a primeira geração que tem uma visão clara do valor da natureza e do nosso impacto nela. Poderemos também ser a última capaz de inverter esta tendência", advertiu a WWF, que pede uma ação antes de 2020, "um momento decisivo na história". "Uma porta sem precedentes se fechará rápido".