O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que provavelmente não concordaria com um interrogatório presencial ao procurador especial Robert Mueller, após sua equipe jurídica apresentar as respostas escritas do presidente na investigação sobre a interferência russa nas eleições de 2016. Perguntado se sua posição final era a de não se encontrar com Mueller, Trump respondeu: "Provavelmente. Quero dizer, eu posso mudar de ideia, mas provavelmente".
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Em uma entrevista à Fox que foi ao ar neste domingo, Trump também disse que não se envolveria nas decisões sobre a investigação de Mueller, a quem criticou duramente desde a o início. Ele alega que não sabia que o procurador-geral interino Matt Whitaker, que agora supervisiona Mueller, criticou o procurador especial antes de sua nomeação.
Os comentários foram feitos num momento em que os advogados de Trump preparam o envio, nesta semana, de respostas por escrito ao escritório de Mueller sobre um possível conluio entre a campanha de Trump e a Rússia durante a eleição presidencial de 2016, o que Trump negou repetidamente. O presidente norte-americano também disse que provavelmente não apresentará respostas relacionadas a possíveis obstruções à Justiça. Moscou nega qualquer interferência nas eleições.
PROCESSO
Por quase um ano, a equipe jurídica de Trump adiou prazos para responder às perguntas ou decidir se o presidente concordaria com um interrogatório. No primeiro semestre, os advogados do presidente dos EUA disseram que esperavam que um interrogatório acontecesse em meados de julho, se Trump concordasse, mas ele não concordou.
Se Trump não concordar com um interrogatório, Mueller terá de decidir como responder. Whitaker, como procurador-geral interino, pode concluir que as ações investigativas de Mueller não devem continuar. Whitaker criticou publicamente a investigação enquanto servia como chefe de gabinete do ex-procurador-geral Jeff Sessions, que Trump demitiu após as eleições da semana passada.
Os democratas citaram as críticas de Whitaker para alegar que ele foi indicado para restringir a investigação de Mueller. O deputado democrata pela Califórnia Adam Schiff, que deverá se tornar presidente do Comitê de Inteligência da Câmara quando os democratas retomarem o controle da Câmara, em janeiro, alegou que Whitaker "foi escolhido com o objetivo de interferir na investigação de Mueller".
Trump disse que não estava ciente das críticas quando nomeou Whitaker. "Eu não sabia que ele tinha opiniões sobre a investigação de Mueller", disse. Ele acrescentou que caberia a Whitaker tomar decisões relacionadas à investigação. "Eu não me envolveria", afirmou.
Schiff disse que os democratas observarão a investigação de perto. "Se [Whitaker] tomar alguma ação para refrear o que Mueller faz, nós vamos descobrir. Vamos expô-lo", disse.