Em discurso no Parlamento alemão nesta quarta-feira (21), a chanceler Angela Merkel manifestou sua esperança de chegar antes de domingo a uma solução para o problema colocado pela Espanha no acordo do Brexit a respeito de Gibraltar, mas admitiu que não sabe "como" se resolverá.
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"A Espanha continua colocando reservas [sobre o acordo de divórcio com o Reino Unido]. Não posso realmente dizer como vamos resolver este assunto. Espero que esteja resolvido até domingo", acrescentou a chefe do governo alemão em uma intervenção sobre o Brexit.
No momento em que a negociação do Brexit se encontra em uma semana decisiva para a aprovação dos presidentes europeus em uma cúpula no domingo prévia ao processo de ratificação, a Espanha ameaçou não apoiar o acordo nesse dia, se seu problema não for resolvido.
Suas críticas se concentram no artigo 184 sobre a negociação da futura relação comercial e política entre o Reino Unido e seus ainda 27 sócios. Para Madri, não explicita que estes últimos lhe deram um direito de veto sobre a futura relação com Gibraltar.
Em suas primeiras orientações políticas em abril de 2017, que servem de base para a negociação liderada pela Comissão, os 27 estabeleceram que, após o Brexit, "nenhum acordo entre a UE e o Reino Unido poderá ser aplicado no território de Gibraltar sem o acordo" da Espanha.
Ofensiva
A Espanha, que garante ter tomado conhecimento da redação deste artigo na última quarta-feira, reivindica do negociador europeu que seja modificado para introduzir a especificidade de Gibraltar, ou o uso de outro "instrumento" - nas palavras do chanceler espanhol, Josep Borrell - que tire a "ambiguidade" do texto.
A ofensiva lançada pela Espanha na UE é incomum para um país tradicionalmente alinhado com os planos da Comissão.
"Os espanhóis são sérios. Não é uma brincadeira, mas vamos encontrar uma solução", disse um diplomata europeu ontem à AFP. "Seguimos os últimos acontecimentos com crescente preocupação e incompreensão. Entre os 27 membros da UE, nossos amigos espanhóis estão sozinhos nisso", afirmou hoje outro diplomata da UE.
Reabrir o texto negociado com Londres - completou ele - "levaria à ruptura de todo acordo".
Gibraltar, território de cerca de 30.000 habitantes situado no extremo sul da península ibérica, pertence ao Reino Unido desde 1713, mas Madri reclama sua soberania há anos.