EX-PRESIDENTE

George H. W. Bush, o líder de uma dinastia política que governou por um único mandato

A morte de Bush pai ocorre meses após o falecimento, em abril, de sua esposa Barbara Bush, uma primeira-dama muito querida nos Estados Unidos

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Publicado em 01/12/2018 às 8:48
Foto: Paul J. RICHARDS / AFP
A morte de Bush pai ocorre meses após o falecimento, em abril, de sua esposa Barbara Bush, uma primeira-dama muito querida nos Estados Unidos - FOTO: Foto: Paul J. RICHARDS / AFP
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George H. W. Bush, que governou os Estados Unidos no final da Guerra Fria na década de 1990 e liderou uma dinastia política que mais tarde levou um de seus filhos à Casa Branca, morreu na sexta-feira aos 94 anos.

Seu filho e também ex-presidente George W. Bush descreveu-o como um "homem de grande caráter e o melhor pai que um filho ou filha poderia pedir", ao anunciar o seu falecimento.

A morte de Bush pai ocorre meses após o falecimento, em abril, de sua esposa Barbara Bush, uma primeira-dama muito querida nos Estados Unidos - e sua "mulher mais amada do mundo" - com quem esteve casado por 73 anos.

O 41º presidente dos Estados Unidos foi um herói de guerra condecorado e diretor da CIA, mas sofreu a ignomínia de ser presidente por um único mandato porque perdeu a reeleição em 1992 para Bill Clinton. Embora oito anos depois sua dinastia política tenha voltado à Casa Branca.

Ele será lembrado como um pragmático da política externa que navegou nas águas turbulentas da queda da União Soviética em 1989 e que formou uma coalizão sem precedentes para derrotar o falecido ditador iraquiano Saddam Hussein dois anos depois.

Defendia a estabilidade e o consenso internacional, em claro contraste com seu colega republicano que hoje ocupa a Casa Branca, Donald Trump.

Após ser informado sobre a morte, Trump destacou a "liderança inabalável" de Bush, de quem ele disse que deu sua vida a serviço da nação.

Bush pai presidiu os Estados Unidos durante um período de agitação econômica e enfureceu seus colegas republicanos durante uma batalha pelo orçamento com os rivais democratas ao romper com uma promessa famosa: "Leiam meus lábios: sem mais impostos".

Guerra, petróleo, política 

George Herbert Walker Bush nasceu em 12 de junho de 1924 em Milton, Massachusetts (nordeste), em uma rica dinastia política da Nova Inglaterra, como filho de Prescott Bush, um banqueiro e senador por Connecticut.

Bush frequentou a prestigiada Academia Phillips em Andover, mas adiou seu ingresso em Yale quando decidiu se alistar na Marinha ao completar 18 anos, e partir para a Segunda Guerra Mundial.

Realizou 58 missões de combate aéreo durante a guerra. Seu avião foi abatido sobre o Pacífico pelo fogo antiaéreo japonês e resgatado por um submarino quatro horas depois, enquanto aviões inimigos voavam em círculos.

Bush casou-se com Barbara Pierce imediatamente após a guerra, em 1945, e o casal teve seis filhos, um dos quais, Robin, morreu quando criança.

Em vez de se juntar a seu pai no banco depois de se formar em Yale, Bush foi para o extremo oeste do Texas para apostar no então difícil e arriscado negócio de petróleo. 

Surpreendeu a muitos com seu sucesso e, em 1958, posicionou-se em Houston como presidente de uma empresa de pesquisa marítima.

Na década de 1960, Bush, agora enriquecido, retornou à política. Foi presidente local do Partido Republicano e em 1966 conquistou uma cadeira na Câmara dos Representantes em Washington. Ele serviu até 1970, quando não conseguiu chegar ao Senado.

Ao longo da década seguinte, ocupou vários cargos como chefe do Comitê Nacional Republicano, embaixador na ONU, enviado para a China e diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), onde foi elogiado por restaurar o moral após revelações de atividades ilegais generalizadas.

Foi vice-presidente de Ronald Reagan durante oito anos e eleito presidente por ampla margem em 1988, quando a Guerra Fria chegava ao fim.

'Não vai durar' 

No maior desafio à ordem posterior à Guerra Fria, o exército de um milhão de homens de Saddam Hussein invadiu o Kuwait em 1990 e parecia pronto para avançar para a Arábia Saudita, o que o faria deter mais de 40% das reservas mundiais de petróleo.

Então Bush brandiu a famosa frase: "Isso não vai durar, essa agressão contra o Kuwait".

Formou uma coalizão de 32 nações para expulsar as forças iraquianas em questão de semanas com um rápido ataque aéreo e terrestre. 

Um total de 425.000 soldados americanos apoiados por 118.000 tropas aliadas participaram na Operação "Tempestade no Deserto", dizimando a máquina militar de Saddam, sem derrubá-lo, uma tarefa que levaria 12 anos, com seu filho George W. Bush.

Encorajado por sua vitória no Golfo, George H.W. Bush e seu respeitado secretário de Estado, James Baker, promoveram a Conferência de Madri de 1991 para lançar o processo de paz israelo-palestino.

A conferência foi simbólica, mas lançou as bases para os acordos de Oslo dois anos depois.

Além disso, Bush enviou tropas americanas para derrubar e prender o homem forte panamenho Manuel Noriega em 1989, acusando-o de tráfico de drogas. Também lançou as bases para o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta).

Internamente, no entanto, a economia estagnou e Bush quebrou sua promessa de não aumentar os impostos para chegar a um acordo sobre o orçamento com os democratas - pecado capital aos olhos republicanos.

Bush fracassou em sua tentativa de reeleição em 1992 contra Clinton - cujo assistente cunhou o agora famoso slogan "É a economia, idiota".

Depois de se aposentar da vida pública, Bush cumpriu uma promessa de guerra de saltar um dia de avião por diversão. Praticou o salto de paraquedas em seus 75, 80, 85 e 90 anos.

Juntou-se a Clinton para arrecadar fundos para as vítimas do tsunami asiático de 2004 e do terremoto de 2010 no Haiti. Em 2011, o presidente Barack Obama concedeu-lhe a maior honra civil nos Estados Unidos, a Medalha da Liberdade.

Em 2001, Bush se tornou o segundo presidente americano depois de John Adams a ver seu filho presidente, quando George W. tomou posse.

Outro filho, John Ellis "Jeb" Bush, foi governador da Flórida (1999-2007) e perdeu para Trump nas primárias de 2016.

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