Os democratas acusaram nessa segunda-feira (24) o presidente americano, Donald Trump, de afundar o país "no caos", em meio à paralisação do governo por uma disputa orçamentária motivada pela construção de um muro na fronteira com o México, a saída do secretário da Defesa e uma forte queda na bolsa.
Desde a meia-noite dessa sexta-feira (21), o governo americano está em paralisação parcial orçamentária, devido à falta de um acordo entre o Congresso e a Casa Branca, o que afeta centenas de milhares de funcionários e mantém fechados alguns serviços federais.
O eixo desta disputa é a exigência de Trump de financiar a construção de um muro na fronteira dos Estados Unidos com o México, que tem um custo de 5 bilhões de dólares.
"É véspera de Natal e o presidente está afundando o país no caos", lamentaram, em um comunicado, a líder dos democratas na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e o líder da bancada no Senado, Chuck Schumer.
Os democratas se negam a votar o projeto e propõem destinar 1,3 bilhão de dólares para melhorar o sistema de vigilância fronteiriça. "O mercado bursátil está desabando e o presidente está embarcado em uma guerra pessoal contra o Federal Reserve, logo depois de ter demitido o secretário da Defesa", lamentaram em um comunicado os principais líderes democratas do Congresso em alusão ao fechamento em Wall Street, que terminou com perdas de 2,91% no Dow Jones e de 2,21% no Nasdaq.
Trump, que adiou suas férias na Flórida devido às negociações, defendeu sua estratégia no Twitter.
I am all alone (poor me) in the White House waiting for the Democrats to come back and make a deal on desperately needed Border Security. At some point the Democrats not wanting to make a deal will cost our Country more money than the Border Wall we are all talking about. Crazy!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 24 de dezembro de 2018
"Estou sozinho (pobre de mim) na Casa Branca, esperando que os democratas voltem e consigam um acordo imperativamente necessário para a segurança fronteiriça", postou, ironicamente, em alusão aos artigos da imprensa que mencionaram as dificuldades de seu governo após uma série de deserções, entre elas a do secretário da Defesa.
Jim Mattis anunciou na semana passada sua renúncia como titular do Departamento de Defesa, alegando divergências com Trump. A princípio, Mattis tinha deixado uma margem de dois meses para sua saída, mas os detalhes de sua carta de renúncia levaram Trump a acelerar a substituição, anunciando que a partir de 1º de janeiro, ele será substituído por seu adjunto, Patrick Shanahan.
As negociações sobre o orçamento federal, suspensas no sábado, devem ser retomadas em 27 de dezembro, já que os legisladores estão de volta a seus distritos por causa do Natal. No entanto, é muito provável que a paralisação dure mais tempo e que o problema passe para o novo Congresso, que assumirá em 3 de janeiro, quando os democratas vão recuperar o controle da Câmara de Representantes, após sua vitória eleitoral em novembro. Os republicanos, enquanto isso, vão manter a maioria no Senado, o que antecipa negociações difíceis.
"Esperamos que isto termine logo"
A paralisação afeta importantes serviços, como a Polícia Federal (FBI), os departamentos de Segurança Interior - que gerencia a segurança fronteiriça -, de Transportes e do Tesouro. Também são afetados os parques nacionais, muito visitados nas férias, como o Grand Canyon.
A paralisia também afetou o Mall, a imensa explanada verde no coração de Washington, onde fica a Árvore Nacional de Natal, ladeada por outros 50 pinheiros que representam os estados do país. A árvore esteve apagada por três dias, mas na véspera do Natal, uma organização beneficente permitiu que as luzes pudessem brilhar no Natal.
A paralisação surpreendeu muitos turistas.
Andrea Leoncini e sua esposa, Roberta, viajaram de Roma aos Estados Unidos para passar a lua de mel, que ficou prejudicada devido ao shutdown. Eles não conseguiram visitar o edifício onde foi assinada a Declaração de Independência e a Constituição na Filadélfia.
A estátua da Liberdade permanecia aberta ao público graças ao financiamento de suas operações pelo estado de Nova York.
Este é o terceiro 'shutdown' orçamentário do ano, depois dos ocorridos em janeiro (durante três dias) e fevereiro (poucas horas), também devido a uma disputa pelo tema migratório. A paralisação anterior, em outubro de 2013, durou 16 dias, longe do recorde de 21 dias de 1995-96.
No entanto, com relação a paralisações anteriores, a urgência é menos palpável, pois neste casp só afeta 25% da administração, com 75% do orçamento já aprovado.
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