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EUA e França compartilham posição sobre negociações com Teerã

Oficialmente, Paris garante que "não há diferença entre a França e os Estados Unidos", ou dentro do grupo internacional encarregado de negociar com Teerã

Da AFP
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Publicado em 07/03/2015 às 12:45
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Oficialmente, Paris garante que "não há diferença entre a França e os Estados Unidos", ou dentro do grupo internacional encarregado de negociar com Teerã - FOTO: Foto: AFP
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O secretário de Estado americano, John Kerry, declarou neste sábado (7) que compartilha a mesma posição adotada pelo chanceler francês Laurent Fabius sobre as negociações conduzidas por Washington com Teerã sobre seu polêmico programa nuclear.

"Nós fazemos exatamente a mesma análise" que a França, que "fizemos progressos, mas que ainda há diferenças" com os iranianos, declarou a repórteres após uma reunião com Laurent Fabius no escritório do ministro francês.

"O objetivo nos próximos dias e nas semanas críticas que virão" é suprimir essas divergências, acrescentou, sem dar mais detalhes.

Durante uma coletiva de imprensa ao lado de seu colega americano, Laurent Fabius declarou, por sua vez, que "houve progressos em algumas áreas, mas também diferenças".

Enquanto algumas fontes próximas às negociações evocam abordagens diferentes entre Paris e Washington, Laurent Fabius reiterou que a França espera "um acordo sólido". "Nós precisamos de um acordo sólido, não só para nós, mas também para toda a região, para a segurança da região, incluindo para os iranianos", disse.

Na sexta-feira, o ministro francês mencionou implicitamente a respeito dos "progressos realizados" o número de centrífugas iranianas que Teerã poderia conservar, o "breakout time", ou seja, o tempo que o Irã levaria para fabricar uma bomba, e o controle no futuro da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre os estoques iranianos de combustível nuclear.

Oficialmente, Paris garante que "não há diferença entre a França e os Estados Unidos", ou dentro do grupo internacional encarregado de negociar com Teerã, "nem sobre o ritmo das negociações, nem sobre seu conteúdo".

Para uma fonte próxima às negociações, no entanto, há um "desentendimento" entre a França e os Estados Unidos que pressionam, por vezes de maneira precipitada, para um acordo com Teerã.

Novas negociações em 15 de março

 Em 2013, Paris se opôs à conclusão de um acordo negociado entre os americanos e iranianos e conseguiu reforçar de maneira substancial um compromisso sobre o prosseguimento das negociações.

A reunião deste sábado, que incluiu no período da tarde o britânico Philip Hammond, o alemão Frank-Walter Steinmeier e a chefe da diplomacia da União Europeia Federica Mogherini coroou uma semana de negociações sobre o programa nuclear iraniano em Montreux (Suíça).

Na Suíça, Kerry se reuniu em várias oportunidades com o seu homólogo iraniano Mohammad Jawad Zarif. As negociações estão programadas para retomar em 15 de março, provavelmente, em Genebra.

Irã e o grupo 5+1 (Estados Unidos, China, Rússia, França, Grã-Bretanha e Alemanha) devem concluir um acordo político até 31 de março e negociar os detalhes técnicos até 1º de julho.

O pacto deve garantir o caráter pacífico e civil do programa nuclear iraniano em troca da suspensão das sanções internacionais contra Teerã.

O Irã defende, por sua vez, o seu direito à energia nuclear civil plena e solicita o levantamento completo das sanções econômicas ocidentais.

Neste sábado, Ali Akbar Salehi, chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, indicou que progressos haviam sido feitos com a parte americana nas últimas negociações na Suíça.

"Sobre o enriquecimento de urânio e o reator de água pesada em Arak, avaçamos numa boa direção. Conseguimos responder às  preocupações americanas (...) apresentando propostas técnicas, ao mesmo tempo que defendemos nossos interesses nacionais e nossa indústria nuclear. Acabamos com os impasses técnicos", garantiu à televisão iraniana, sem dar mais detalhes.

A questão nuclear iraniana opõe a comunidade internacional e o Irã há doze anos. As negociações, relançadas em novembro de 2013, já foram prorrogadas duas vezes.

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