Atualizada às 11h55
O guia supremo iraniano Ali Khamenei denunciou nesta quarta-feira as "diatribes e sandices" de Donald Trump em sua primeira reação às recentes declarações do presidente americano contra o Irã.
"Não vou perder o meu tempo respondendo às diatribes e sandices do bruto do presidente americano", declarou o aiatolá Khamenei em um discurso para estudantes em Teerã e publicado em sua conta no Telegram.
Os Estados Unidos "estão com raiva porque hoje a República Islâmica do Irã contrariou seus planos no Líbano, na Síria e no Iraque", ressaltou. Mas "que todos estejam certos: mais uma vez, a nação iraniana vai atingir a América no rosto e vencerá", acrescentou.
"O presidente dos Estados Unidos faz alarde com suas besteiras, mas isso não vai desviar a nossa atenção dos problemas que a América provoca", ressaltou.
Em um violento discurso contra o Irã, Trump pediu na sexta-feira ao Congresso americano que aplique novas sanções contra Teerã. Ele ameaçou retirar seu país do acordo nuclear assinado em julho de 2015 entre a República islâmica e o grupo dos Seis (Alemanha, China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia).
Para Trump, o Irã não está cumprindo seus compromissos nos termos do acordo, apesar de a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da ONU responsável por verificar se a República Islâmica é fiel à sua palavra sobre o assunto, ter certificado oito vezes o cumprimento dos compromissos.
Khamenei assegurou que o Irã continuará a cumprir seus compromissos e comemorou a frente unida dos europeus em favor da manutenção do acordo nuclear após o discurso de Trump.
Contudo, alertou que os europeus "devem abster-se de interferir em nossas questões de defesa".
Na sexta-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, vinculou a continuação da aplicação adequada do acordo nuclear às discussões sobre o "programa balístico iraniano e questões de segurança regional".
"Vocês perguntam por que o Irã tem mísseis, muito bem. Mas por que vocês têm mísseis?", lançou Khamenei, "e por que vocês têm armas nucleares?".
"Não aceitaremos que os europeus se juntem às táticas de intimidação dos Estados Unidos" contra o Irã, advertiu.
O acordo de Viena resultou em uma suspensão das sanções econômicas impostas pela ONU e o Ocidente sobre o Irã. Em troca, Teerã concordou em limitar seu programa nuclear e garantir os fins meramente pacíficos do mesmo.