CANDIDATO

Ciro: mercado é um grupo pequeno de barões que domina a economia

Ciro Gomes ainda classificou o mercado financeiro como "entidade fantasmagórica"

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Publicado em 18/06/2018 às 14:20
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Ciro Gomes ainda classificou o mercado financeiro como "entidade fantasmagórica" - FOTO: Foto: Agência Brasil
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Conhecedor da resistência que sua candidatura enfrenta no mercado financeiro, o presidenciável do PDT, Ciro Gomes, não poupou críticas a este segmento, na manhã desta segunda-feira (18) em sabatina realizada pela rádio Jovem Pan.

Indagado se uma eventual vitória sua nas urnas, em outubro, poderia levar o dólar a patamares ainda mais elevados do que os atuais, onde já rondou o patamar dos R$ 4, Ciro disse que se a moeda americana continuar subindo não será por sua culpa. "O dólar não vai disparar por minha causa, mas pelo vencimento da dívida pública brasileira. A razão é que 26% dessa dívida, de R$ 5 trilhões, vence em 4 dias. O problema não é o seu volume, mas o perfil, e isso precisa ser mudado. A maneira de começar a fazer isso é através da confiança, com alguém que não use frases de efeito, como o Bolsonaro (seu concorrente do PSL, Jair Bolsonaro) ou inexperiente, que faça uso apenas da marquetagem "

Nas críticas ao mercado, que ele continua classificando como "entidade fantasmagórica", Ciro disse que o mercado se assume como representante da indústria, da produção, da agricultura, da construção civil, do comércio. "Mas, não é. O mercado é um grupo pequeno de barões que domina a economia brasileira, com especulação", destacou. 

Ciro continuou: "peça para qualquer candidato para refletir sobre qual ajuste fiscal potente é capaz de encarar 4 dias de vencimento de (uma parcela) de R$ 5 trilhões. Só tem um jeito: pagar a dívida e impor confiança. Pela minha proposta, em 24 meses é possível resolver o déficit fiscal brasileiro." Segundo ele, o essencial é o Brasil restaurar a confiança, pois o pagamento não precisa se realizar à vista, a não ser que tenha algum componente especulativo.

Na sabatina, o pedetista criticou duramente a condução da economia pelo governo do presidente Michel Temer, a quem ele continua chamando de "golpista". Ciro disse que apesar do ex-ministro da Fazenda e pré-candidato do MDB à Presidência da República, Henrique Meirelles, "ser um belo de um cara", o emedebista acha que está tudo bem neste setor. 

"E não está", afirmou "pois o desemprego já passa da casa dos 13 milhões, o próximo presidente pegará um cenário com pressão inflacionária, em razão dessa queda de braço com o mercado, hoje a indústria de transformação no País está reduzida a uma participação de 8%, o que é escandaloso, e a elite bate palmas com o desmonte de nossa economia e com o desemprego", enfatizou. "Ou mudamos ou o País vai pro vinagre, quando dólar sobe, pressiona a inflação."

Apesar das críticas ao mercado, o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, mostrou que a equipe de Ciro Gomes tem procurado alguns setores da iniciativa privada para tentar contornar o temor deste segmento com sua candidatura A ideia, segundo informou o irmão de Ciro, Cid Gomes, é passar a mensagem de que o pedetista considera o setor e os demais da economia como parceiros, não como inimigos.

Na entrevista à Jovem Pan, Ciro Gomes disse também que é a favor da Operação Lava Jato e que, se eleito, não cogita dar perdão judicial ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso há mais de dois meses na Polícia Federal de Curitiba. Ele falou, ainda, que pretende implantar uma nova reforma do sistema previdenciário em seis meses. "Temos de criar uma nova Previdência, a que está aí é irreformável." 

Depois de fazer um mea-culpa pelos destemperos verbais que o acometem e pelos quais ele diz que vem pedindo desculpas, na sabatina o pré-candidato do PDT foi indagado sobre as conversas que tem mantido com alguns partidos, como o DEM, PP e Solidariedade, a fim de tentar fechar as alianças partidárias neste pleito. Ciro disse que admitira um entendimento com essas siglas, mesmo com as diferenças programáticas, mas com muita conversa para não sair "um monstrengo". 

Ao falar que o DEM tem candidato à Presidência da República, que é o Rodrigo Maia, e que se surpreendeu com o sinal público que eles estão dando, ao admitir uma conversa com sua pré-campanha, Ciro voltou à carga, ao chamar o vereador paulistano da sigla Fernando Holiday de "capitãozinho do mato".

Brasil precisa de um novo projeto nacional de desenvolvimento

Um projeto de reindustrialização do Brasil, envolvendo parceria entre o setor estatal e privado para melhorar o desenvolvimento do País foi um das propostas defendidas pelo pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, durante o Fórum Unica 2018, realizado na manhã desta segunda-feira (18) em São Paulo. "Os tomadores de decisão do País deveriam entender que alguma coisa está estruturalmente está errada no Brasil", disse Gomes, que defendeu a construção de um Estado forte, mas não "gordo".

"Reindustrializar o Brasil é uma das prioridades que eu defendo e isso não ocorrerá se ficarmos no mito de que o setor privado vai reverter tendências sem uma parceria estratégia com o Estado", disse Ciro.

Ele afirmou ainda, alfinetando outros candidatos, que ideias como vender prédios públicos é "peanuts" (coisa pouca) para reduzir o Estado.

Sobre o setor produtivo, Ciro falou sobre a necessidade de uma mudança na pauta exportadora para que o País possa exportar mais do que "commodities de baixo valor", por meio de uma industrialização. "O RenovaBio é extraordinário", disse.

Ele ressaltou a possibilidade que o Brasil tem de, por meio do projeto, transformar a questão ambiental como um ativo que tende a se "valorizar muito", como os Créditos de Descarbonização (CBIOs).

Ciro criticou o tabelamento do preço dos fretes, medida tomada pelo governo federal no fim de maio como uma das exigências para o fim da greve dos caminhoneiros e que vem sendo debatida desde então. Ele classificou a medida como uma excrescência, ou seja, algo que não faz sentido.

Em relação aos preços dos combustíveis, Ciro afirmou que existe uma política no setor sucroenergético de tentar manter a cotação da matriz fóssil a mais alta possível para sustentar sua margem. "É um interesse legítimo, mas que colide com outros", disse.

Para ele, a Petrobras precisa ser administra com parâmetros profissionais. "Nada de molecagem", disse.

 

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