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Projeto Comprova reúne redações do Brasil para combater fake news

Experiência é inspirada em projeto ocorrido durante as eleições francesas

JC Online
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Publicado em 28/06/2018 às 0:50
Foto: Heitor_Feitosa/VEJA
Experiência é inspirada em projeto ocorrido durante as eleições francesas - FOTO: Foto: Heitor_Feitosa/VEJA
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Para combater a disseminação de boatos durante as eleições presidenciais brasileiras, 24 redações de veículos de mídia estão se unindo para checar de forma colaborativa as origens e a viralização das chamadas “fake news”, notícias forjadas que buscam confundir a opinião pública. O projeto, denominado Comprova, será lançado oficialmente nesta quinta-feira (28), durante o Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), realizado em São Paulo.

O Sistema Jornal do Commercio fará parte da rede, ao lado de 23 grupos de comunicação de todas as regiões, de diferentes tamanhos e posicionamentos. A coalizão nasceu por iniciativa do First Draft, projeto da Universidade de Harvard, ao lado da organização Information Disorder, do Conselho Europeu de Direitos Humanos. Tem ainda o apoio institucional do Escritório Brasileiro da Universidade de Harvard, da Associação Nacional de Jornais, do Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo), além de apoio financeiro das plataformas Google e Facebook.

A coordenação no Brasil será feita pela Abraji. “O desafio do combate à desinformação exige uma ação coordenada”, diz Daniel Bramatti, presidente da Abraji e líder do Comprova. "Nunca tantos veículos concorrentes se uniram em um projeto colaborativo como este, e a Abraji se orgulha de fazer parte desta iniciativa."

Nunca tantos veículos concorrentes se uniram em um projeto colaborativo como este.

Daniel Bramatti, presidente da Abraji

A experiência é inspirada no CrossCheck, projeto realizado em maio de 2017, durante o processo de eleição presidencial na França, sob a coordenação do First Draft. Trabalhando juntas, 37 redações desmascararam 67 textos que estavam viralizando e continham informações mentirosas, rumores, conteúdo forjado e táticas de manipulação que poderiam influenciar os rumos da campanha. 

Assim como o CrossCheck, a rede Comprova vai usar ferramentas sofisticadas que indicam a origem e a cadeia de dispersão de fake news compartilhadas em redes sociais e sites. Mas o projeto brasileiro vai além, pois vai incluir entre as ferramentas o WhatsApp, aplicativo de mensagens que no Brasil é o meio mais utilizado para compartilhamento de informação falsa. De forma pioneira no mundo, o aplicativo de mensagens (que é controlado pelo Facebook), permitirá o acesso da rede Comprova através de API (sigla em inglês para Interface de Programação de Sistemas), uma forma de integrar diferentes sistemas ou plataformas.

Funcionamento

As redações participantes trabalharão juntas para verificar informações, depois criarão peças visuais como imagens compartilháveis, gifs animados e vídeos curtos para espalhar os desmentidos. Um critério inovador do projeto é que nenhum desmentido será publicado antes de ao menos três veículos de imprensa diferentes entrarem em acordo sobre a falsidade da informação em questão. O Comprova não terá uma redação central; a apuração será fruto do trabalho coletivo de 24 redações. Os relatos serão publicados no site www.projetocomprova.com.br e terão alcance ampliado pelos parceiros do projeto, que usarão seus próprios canais e publicações para que mais brasileiros tenham acesso a informação confiável.

O Comprova foi projetado para tecnologia móvel e tem a acessibilidade como prioridade. Isso se manifesta desde o design do site até à prioridade do conteúdo visual sobre o texto nas peças apresentadas. O projeto segue boas práticas de alfabetização midiática e tem preocupação legítima com custos de dados.

"O volume de conteúdo problemático circulando no Brasil é grande demais para que uma única redação lide com ele, e não faz sentido que diferentes redações dupliquem esforços para investigar os mesmos casos de conteúdo problemático", afirma Claire Wardle, diretora do First Draft. "Ao treinar redações e unir esforços, acreditamos que um projeto como este possa ter impacto duradouro no Brasil."

O Comprova vai identificar e combater a desinformação online e as técnicas sofisticadas de amplificação e manipulação da informação. Essas táticas requerem que jornalistas desenvolvam habilidades novas e complexas. Por isso, todos os participantes da coalizão passarão por treinamento contínuo e terão oportunidades para compartilhar seu conhecimento, dicas e expertise uns com os outros e entre diferentes redações. O fluxo de trabalho foi projetado intencionalmente para estimular investigações colaborativas por um período que vá além das eleições de 2018. "O Sistema Jornal do Commercio tem quatro profissionais recebendo treinamento online e presencial sobre ferramentas de checagem. Um deles ficará 100% dedicado às atividades da rede", explica Maria Luiza Borges, diretora de Conteúdos Digitais do SJCC, que viajou a São Paulo para participar do lançamento da coalizão.

Claire Wardle, do First Draft, acredita que, ao treinar redações e unir esforços, o projeto pode ter impacto duradouro no Brasil.

WHATSAPP

Com o Brasil concentrando um grande número de usuários do WhatsApp (as últimas estatísticas disponíveis contabilizaram 120 milhões de usuários no país em maio de 2017), o Comprova pedirá a brasileiros que relatem rumores relacionados às eleições presidenciais a uma conta dedicada de WhatsApp. O projeto vai usar sua conta do WhatsApp Business para reagir usando informação correta apurada pelos integrantes da coalizão. Os leitores e espectadores serão encorajados a compartilhar a informação correta para seus contatos de WhatsApp, prática que já se mostrou efetiva para corrigir boatos disseminados pelo aplicativo de mensagens privadas.

Um aspecto crucial do Projeto Comprova será o cuidado de desmentir apenas informações equivocadas que já tenham tido um grande alcance ou que tenham potencial viral. A ideia é que a plataforma não corra risco de ajudar um boato ainda fraco a ganhar fôlego acidentalmente.

Conheça as empresas que farão parte da coalizão: AFP, Band, BandNews, Canal Futura, Correio do Povo, Exame, Folha de S.Paulo, GaúchaZH, Gazeta do Povo, Gazeta Online, Sistema Jornal do Commercio, Metro Brasil, Nexo Jornal, Nova Escola, NSC Comunicação, O Estado de S.Paulo, O Povo, Poder360, revista piauí, Rádio BandNews FM, Rádio Bandeirantes, SBT, UOL e Veja.

Projeto Comprova

 


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