A senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, afirmou, na tarde desta quinta-feira (2), após visitar o ex-presidente Lula na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, que a decisão da cúpula nacional do partido de rifar a candidatura da vereadora Marília Arraes ao governo de Pernambuco em prol de uma coligação com o PSB do governador Paulo Câmara foi tomada com a intenção de "resgatar uma aliança progressista e popular no Brasil". Enquanto falava com repórteres ao vivo na página de Lula no Facebook, vários internautas aproveitaram para criticar o posicionamento do partido neste caso, dizendo, entre outras coisas que o "PSB traiu Lula e o PT" e que a "ideologia do PT acabou".
Apesar de não afirmar categoricamente que o ex-presidente Lula concordou com a retirada da candidatura de Marília, em momento algum Gleisi disse que o petista era contrário à decisão. A senadora também não deixou de tecer elogios à vereadora, a quem classificou como "um grande quadro político". "Marília é uma grande liderança que se revelou nesse processo. É uma pessoa com firmeza, com posicionamento. Um grande quadro político e para nós, do PT, é muito importante que ela esteja firme e forte na disposição de luta política", ressaltou a parlamentar enquanto militantes petistas entoavam "Em Pernambuco eu boto fé. Ele vai ser governado por mulher".
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Gleisi ressaltou ainda que as negociações do PT com o PSB, bem como com os demais partidos de centro-esquerda, já ocorrem há bastante tempo e que o PT pernambucano tinha ciência que o projeto nacional era prioridade para a sigla. "Desde o ano passado a gente tem conversado com lideranças dos partidos de esquerda para resgatar uma aliança progressista e popular no Brasil, que é necessária para enfrentar o golpe. Nós não vamos enfrentar os retrocessos que nós estamos vivendo hoje, o desmonte dos direitos, os desmontes da previdência se a gente não tiver uma articulação de centro-esquerda no Brasil. O PT sozinho não vai conseguir isso", cravou a petista.
MUDANÇA
Respondendo às críticas dos que argumentam que a agremiação não deveria ter firmado aliança com o PSB por ter votado a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Gleisi justificou que alguns setores socialistas mudaram de rumo após esse episódio. "O PSB foi contra a reforma trabalhista, foi contra a emenda constitucional 95, se posicionou contra a reforma da Previdência, foi e se posicionou firmemente contra a privatização da Petrobras e da Eletrobras e nós devemos a esse setor, que tem se posicionado de maneira mais firme", defendeu a senadora, lamentando o fato de o PSB não ter optado por apoiar a candidatura de Lula à Presidência, mas sim pela neutralidade nas eleições deste ano.
"É claro que é ruim para nós, do ponto de vista regional e de Pernambuco, abrir mão de uma candidatura como a de Marília, mas nós temos um projeto nacional e desde o início os companheiros do PT de Pernambuco, a companheira Marília, com quem eu converso sempre, os companheiros dos movimentos sociais, sabiam dessa nossa movimentação e dessa nossa conversação (com o PSB). Em nenhum momento nós fizemos qualquer movimentação que não fosse clara e aberta. Nós buscávamos uma aliança formal. Não foi possível, mas foi possível começar a resgatar um processo de construção de uma aliança de centro-esquerda no Brasil", finalizou a senadora.