A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato, não assistiu todo o debate entre os presidenciáveis na TV Bandeirantes.
"Ele não assistiu todo, assistiu umas partes só, achou que foi um debate com muita ausência de proposta e foi mesmo. Na verdade não tínhamos lá quem efetivamente era comentado no debate, comentaram programas que o PT tinha feito, tentavam a paternidade", disse Gleisi depois de fazer uma visita a Lula na sede da Polícia Federal em Curitiba.
Na sala onde cumpre pena de 12 anos e um mês por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Lula tem acesso a um aparelho de televisão com os canais abertos, entre eles a TV Bandeirantes. Segundo pessoas que têm acesso ao ex-presidente, a TV, livros e uma esteira na qual pratica exercícios são os únicos passatempos de Lula na prisão.
Ao contrário do que ocorreu no primeiro debate da Band, quando o PT organizou uma conversa "paralela" com eleitores pelas redes sociais, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), candidato a vice na chapa encabeçada por Lula, deve substituir o ex-presidente nos próximos debates, afirmou Gleisi, depois de cerca de três horas de conversa com Lula na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba.
A estratégia petista, no entanto, é insistir na Justiça para que Lula consiga participar dos programas, mas manter Haddad como "porta-voz" da campanha. "Vamos tomar todas as medidas necessárias para a participação do Lula e, se não conseguirmos, para a participação do Haddad. Não podemos ficar fora dos debates em respeito ao povo brasileiro", afirmou Gleisi. "Durante a campanha, nosso candidato a vice é o porta-voz do presidente", disse.
Impedido pela justiça
Lula foi impedido pela Justiça de participar do debate na Band, ocorrido na quinta-feira (9). O PT, no entanto, elaborou outra estratégia: montou um evento paralelo de conversa transmitido pelas redes sociais, com a participação de Gleisi, Haddad e Manuela D'Ávila, que desistiu da sua candidatura à Presidência para apoiar Lula, e Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras e integrante da coordenação da campanha petista. A falta de um petista no embate televisivo, segundo analistas ouvidos pela reportagem, colocou o partido numa situação difícil, já que deixou o eleitor com a impressão de que Lula não será mesmo candidato.
Haddad e Gleisi reforçaram que a lei eleitoral diz que, mesmo preso, o ex-presidente não teria seus direitos políticos suspensos, o que o autorizaria a participar de sabatinas e debates, e até da gravação de programas eleitorais. "Se de fato, como pensam nossos adversários, o Lula está fragilizado e é um preso comum, porque impedi-lo de participar dos debates se o Código Eleitoral garante a sua participação expressamente?", questionou Haddad.
O ex-prefeito de São Paulo disse que, durante a visita, Lula fez um apelo aos seus adversários na disputa eleitoral e aos meios de comunicação para que o ajudem a participar dos debates. "Lutar pela participação do Lula (nos debates) vai aumentar a audiência, as pessoas vão poder ouvi-lo, poder ouvir os seus adversários, que poderão questioná-lo sobre qualquer tema, e ele está muito disposto a isso. [...] (Lula pede) que lutem pelo fim da censura", afirmou.