Eleições 2018

Candidatos à presidência recusam reunião para unir o centro

"Queremos estabelecer um governo único e um plano de governo com vários candidatos governando juntos", afirmou o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Jr

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Publicado em 26/09/2018 às 8:47
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"Queremos estabelecer um governo único e um plano de governo com vários candidatos governando juntos", afirmou o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Jr - FOTO: Foto: ABr
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Uma reunião com candidatos à Presidência da República para discutir a possibilidade de formar uma chapa única de centro, prevista para acontecer nessa terça-feira (25), em São Paulo, acabou sendo cancelada após a desistência dos presidenciáveis. O encontro estava sendo articulado por um movimento intitulado "Não aos Extremos", que tem como um de seus integrantes o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Jr.

À reportagem, o jurista disse que a ideia era promover um encontro entre os candidatos para combater o que ele chamou de "os extremos" das eleições, numa referência a Jair Bolsonaro, candidato do PSL, e o petista Fernando Haddad. "Queremos estabelecer um governo único e um plano de governo com vários candidatos governando juntos. Ainda pensamos que essa união é possível", afirmou ele. "Queríamos (com essa reunião) um entendimento em torno de pontos fundamentais e um plano de ação. Estamos em um momento em que é importante esses candidatos se conscientizarem e atenderem esse desejo da sociedade civil (de união)."

Não é a primeira iniciativa no sentido de tentar unir os candidatos do centro político. Em junho passado, por exemplo, um grupo de lideranças políticas encabeçadas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) lançou um "Manifesto por um polo democrático e reformista". O gesto coincidiu com o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto.

Reale Jr. também assina o documento "Pela democracia, pelo Brasil", lançado neste final de semana por um grupo que inclui intelectuais, juristas, artistas, esportistas e empresários. Neste caso, porém, o foco exclusivo é a candidatura de Bolsonaro, considerada uma "ameaça franca" ao "patrimônio civilizatório".

Negociações

Segundo ele, as negociações na tentativa de organizar a reunião "foram difíceis". "De início, alguns aceitaram e outros, não." O jurista disse que houve uma reunião virtual prévia entre assessores das campanhas. "Muitos candidatos se sensibilizaram com a ideia de uma 'concertação', um governo compartilhado. Espero que essa ideia ainda possa prosperar."

Entre os consultados para a reunião, estavam Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos) e Henrique Meirelles (MDB). Somados, os quatro tiveram 17% dos votos na pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada na segunda-feira, 24. Líder isolado, Bolsonaro apareceu com 28%, seguido por Haddad, com 22%. Ciro Gomes (PDT) tem 11%.

Questionada, a equipe de Dias informou que ele iria ao evento "para ouvir", porque a possibilidade de desistir da candidatura está descartada. Em nota, Marina informou ter sido procurada na quinta-feira passada por pessoas ligadas a Reale Jr. para encontro com Dias e João Amoêdo (Novo). "Os contatos entre assessores prosseguiram até o domingo, quando foi informado que os candidatos Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles também participariam. Diante do novo contexto, ainda no domingo, a assessoria de Marina Silva declinou do convite."

Amoêdo também foi convidado, mas recusou. Procurada, a equipe do candidato afirmou que ele não iria falar sobre o assunto. Meirelles informou que em nenhum momento cogitou participar da reunião. O candidato do MDB reforçou a necessidade de ter um candidato de centro em condições de ganhar, mas afirma que ele seria o mais capacitado para isso.

Já Alckmin disse que nunca esteve em sua agenda participar da reunião. "Surgiram várias ideias de vários partidos tendo em vista a proximidade das eleições de buscar um denominador comum, mas essas coisas não são fáceis. Acho difícil que alguém abra mão da sua candidatura, são aspirações legítimas, acho difícil", afirmou ele.

Para o diplomata Rubens Barbosa - que participa do movimento "Democracia, sim" -, neste momento este tipo de movimento só terá força que acontecer "um fato político novo". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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