Centrando esforços na campanha de Fernando Haddad (PT) ao Planalto, o governador Camilo Santana e outras lideranças petistas cearenses rejeitam cenário de desarmonia com PDT de Cid Gomes após ataques dele ao partido na última segunda-feira, 15. Tentativa de minimizar danos é corroborada pelo próprio Ferreira Gomes, que na tarde de ontem divulgou vídeo declarando voto a Haddad.
A reiteração do apoio ao presidenciável vem após o senador eleito Cid Gomes surpreender a campanha petista ao fazer duras críticas contra o PT em evento pró-Haddad e bater boca com militantes do partido na última segunda-feira, 15.
Na ocasião, o pedetista chegou a chamar de "babacas" e "otários" os que protestaram contra seu discurso. Desde então, representantes dos dois partidos pelejam para reduzir danos na campanha presidencial.
Em vídeo divulgado ontem em sua página no Facebook, Cid Gomes, além de apoiar Haddad, também critica uso das imagens do bate-boca em propaganda eleitoral televisiva do presidenciável adversário, Jair Bolsonaro (PSL). "Com tudo o que penso e diante de tudo que falei, não é correto o que fez o outro candidato usando imagens minhas editadas sem minha autorização. Que não fique nenhuma dúvida: neste segundo turno, Haddad é o melhor para o Brasil. Votarei no Haddad no dia 28". Afirma aos espectadores.
Entre os petistas, variaram as metodologias de redução de danos. Camilo Santana, afilhado político dos Ferreira Gomes, relativizou a gravidade dos ataques proferidos por Cid ao PT. "Tudo não passou de um desabafo", disse, acrescentando que o País precisa de um novo rumo, de diálogo; não de ódio e separação.
Questionado se a participação do PDT no seu governo poderia ser reavaliada por causa de suas declarações, Camilo Santana foi categórico: "Essa hipótese está afastada". Ele lembrou que o PDT é aliado do PT no Ceará e que "problemas sempre existem e existirão".
A possibilidade de rompimento das relações entre os dois partidos havia sido mencionada pelo deputado federal José Guimarães, coordenador da campanha de Haddad no Ceará, na segunda e na terça-feira, respectivamente, em postagens no Facebook e em entrevista à rádio O POVO CBN. Entretanto, nas duas ocasiões o deputado deixou claro que a hipótese só seria analisada após as eleições e em clima de "respeito mútuo".
O bate-boca de Cid com petistas foi assunto evitado por outras lideranças regionais do PT, que voltaram discursos à campanha nacional para o segundo turno, além de assegurar manutenção de parcerias no Estado.
O vereador Guilherme Sampaio (PT) comentou apenas que "a declaração do Cid foi infeliz, logo depois de ter sido eleito inclusive com o apoio do PT", para em seguida arrematar: "Mas nós não vamos perder mais nem um minuto com esse assunto, porque o nosso foco é comandar essa virada, que na nossa opinião já começou, para o Haddad."
Ao se voltarem para a campanha de Haddad, os discursos dos correligionários petistas não apenas negaram rupturas, como exaltaram a premência de união entre as duas siglas. "Há na direção do partido uma clara consciência da necessidade de termos um esforço para aproximar, recompor e irmos para a rua junto com os deputados do PDT, os prefeitos do PDT". Observou o deputado estadual Elmano de Freitas.
Sobressaindo-se do tom agregador, o ex-presidente estadual do PT Mário Mamede falou na terça ao jornalista do O POVO, Eliomar de Lima, que esperava ao menos uma nota oficial do partido em repúdio à Cid Gomes. "Quanta subserviência e humilhação o PT Ceará vem sofrendo nos últimos anos. Não aguentamos mais conviver com uma direção partidária rastejando sempre em favor de los hermanos (Ferreira Gomes)". Protestou Mamede.
Enfatizando o discurso apaziguador, o vereador Acrísio Sena, presidente do PT de Fortaleza, sublinhou que "individualmente cada militante pode fazer a sua avaliação, o seu discurso, mas a posição majoritária, política, do partido é focar no segundo turno e na eleição do Haddad."