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Maratonista preso da Lava Jato já trouxe ao país shows de U2 e Beyoncé

O engenheiro civil, que se dedicava ao marketing e trouxe ao Brasil shows de estrelas como Beyoncé e U2, diz que abandonou a atividade no final de 2007, para se dedicar ao esporte

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Publicado em 22/08/2015 às 10:27
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O engenheiro civil, que se dedicava ao marketing e trouxe ao Brasil shows de estrelas como Beyoncé e U2, diz que abandonou a atividade no final de 2007, para se dedicar ao esporte - FOTO: Foto: Reprodução/Internet
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Ele correu 12 vezes a maratona de Nova York, atravessou os Estados Unidos de bicicleta, participou do Iron Man e do Tour de France, mas desde março deste ano está confinado em uma cela de 12 metros quadrados num presídio de Curitiba.

Este é Adir Assad, empresário de 62 anos e preso na 10ª fase da Operação Lava Jato. Ele é acusado de ser um dos operadores do esquema de corrupção investigado na operação, ao utilizar suas empresas para firmar contratos de fachada com empreiteiras e intermediar o pagamento de propina em obras da Petrobras.

Detido preventivamente, ele nega as acusações. O engenheiro civil, que se dedicava ao marketing e trouxe ao Brasil shows de estrelas como Beyoncé e U2, diz que abandonou a atividade no final de 2007, para se dedicar ao esporte.

"Eu queria ser o melhor atleta amador do país", afirmou o empresário, em audiência à Justiça em meados de julho. Vestia uma camiseta tipo fitness e um relógio digital. "Dei um break. Ficou meio sabático a minha vida."

O empresário afirma que deixou suas cinco empresas, da área de engenharia e marketing Rock Star Marketing, Legend Engenheiros, Soterra Terraplanagem, SM Terraplanagem e Power to Ten Engenharia, sob responsabilidade de seus sócios, Dario Teixeira e Sonia Branco, também denunciados sob acusação de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

As empresas, segundo o Ministério Público Federal, intermediaram o pagamento de aproximadamente R$ 30 milhões de propina em contratos da Petrobras, entre 2009 e 2012. Assad é qualificado como "controlador de um dos núcleos do sofisticado esquema" de corrupção.

Em 2012, o empresário também foi acusado de operar em favor da empreiteira Delta, envolvida no escândalo do bicheiro Carlinhos Cachoeira. O caso ainda está sob investigação.

Assad nega as suspeitas. "Eu queria que tivesse um polígrafo aqui, porque é um absurdo", argumentou o empresário na audiência na Justiça. "Eu nunca fiz a parte administrativa das empresas. Sempre fui um homem do marketing."

ROTINA

Antes de ser preso, Assad treinava de seis a oito horas por dia. Nas horas vagas, dava palestras motivacionais em universidades, fazendo referência à sua rotina de atleta.

Hoje, o empresário está detido no Complexo Médico Penal, na região metropolitana de Curitiba, onde também estão outros presos da operação.

Na cela, faz o que pode para se exercitar, segundo seu advogado. Flexões, abdominais e "piques" de corrida são o máximo que o espaço permite, mesmo no banho de sol de uma hora por dia. "É um pátio pequeno", diz o defensor Miguel Pereira Neto.

No início de abril, Assad foi submetido a dez sessões de fisioterapia, dentro do próprio presídio. Andava de esteira, bicicleta e fazia alongamentos cerca de três vezes por semana, por cerca de 40 minutos.

"Ele tem uma placa na coluna, de titânio, de uma cirurgia que ele fez. É obrigado a se exercitar, senão dói", afirma Pereira Neto.

Depois de cinco meses detido, Assad reconhece pelo menos um erro: o de não ter seguido a carreira no esporte. "Eu acho que teria me dado melhor. Porque esses quatro meses, Excelência, mesmo se eu for culpado, já aprendi", disse ao juiz Sergio Moro, em audiência na Justiça.

'CARA DO CÉU!'

"É muito duro você ser sacado do seu ambiente assim, e ficar num lugar daquele. Cara do céu!"

O empresário não pensa em fazer delação premiada, segundo seu advogado. Vai aguardar o julgamento, ainda que preso.

Para o defensor, o próprio delator que mencionou Assad o exime de responsabilidade.

O empresário Augusto Mendonça Neto, que citou o esportista em sua delação, diz que nunca tratou do pagamento de propinas com ele. "Apenas tomou conhecimento do relacionamento de Assad com as empresas depois que o esquema da Delta veio a público", informa o termo de colaboração.

O Ministério Público sustenta que, como sócio controlador das empresas, porém, ele tinha conhecimento do esquema e "agia no interesse das empreiteiras, realizando os pagamentos em espécie a agentes públicos corrompidos".

O julgamento da ação penal em que Assad é réu, sob acusação de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, ainda está no seu início. A maratona, agora, é na Justiça.

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