Considerado "homem-bomba" pelo governo Michel Temer, o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) recebeu no fim do ano visitas do advogado Renato Oliveira Ramos, que, por sua vez, repassou "impressões" das conversas a Gustavo Rocha, responsável pela Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, órgão que assessora ministros e o próprio presidente.
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A avaliação de antigos aliados do peemedebista é de que as visitas visaram a mapear a disposição do ex-presidente da Câmara em fechar acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato e se ele poderia implicar o Palácio do Planalto.
Desde sua detenção, Cunha se reuniu com Ramos, que, por ser advogado, tinha acesso livre à carceragem da Polícia Federal em Curitiba.
O deputado cassado foi preso preventivamente há quase três meses acusado de receber propina de contrato de exploração de petróleo no Benin e usar contas na Suíça para lavar o dinheiro. Ele tem demonstrado confiança de que sua situação se resolverá até abril, quando acredita que o juiz Sérgio Moro possa dar a sentença. Até lá, não pretende iniciar acordo de delação.
Advogado admitiu ter ido pelo menos duas vezes conversar com Cunha
Ramos admitiu ter ido pelo menos duas vezes a Curitiba conversar com Cunha, sendo a primeira visita "de cortesia" e a segunda para tratar de um mandado de segurança que pode ser impetrado neste mês no Supremo Tribunal Federal contra a cassação do mandato pelo plenário da Câmara. Ele disse que "comentou" com Rocha que esteve em Curitiba e relatou a situação do ex-presidente da Câmara.
"Ficou no limite do comentário", afirmou. Já o subchefe da Casa Civil disse que tem falado com Ramos por telefone, mas alegou não se lembrar desse relato sobre Cunha. "Esse assunto não me diz respeito."
Ex-auxiliares de Cunha que cuidaram do processo de cassação, contudo, declararam que jamais foi discutida a apresentação do mandado de segurança ao STF, citado por Ramos para justificar sua ida a Curitiba. Antigos aliados do peemedebista acreditam que são nulas as chances de sucesso do recurso.
Ramos e Rocha são amigos de infância e ex-sócios em um escritório de advocacia. Ambos tiveram uma relação próxima com o deputado cassado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.