OPERAÇÃO COI BONO

Geddel era de organização criminosa, diz Procuradoria

Geddel é investigado por corrupção passiva na Operação Cui Bono, deflagrada nesta sexta-feira (13)

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Publicado em 13/01/2017 às 14:04
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Geddel é investigado por corrupção passiva na Operação Cui Bono, deflagrada nesta sexta-feira (13) - FOTO: Foto: EVARISTO SA / AFP
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Ao pedir autorização à Justiça para vasculhar dois imóveis do ex-ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo/Michel Temer), a Procuradoria da República, no Distrito Federal, afirma que o peemedebista fez parte de uma organização criminosa. Geddel é investigado por corrupção passiva na Operação Cui Bono, deflagrada nesta sexta-feira (13) que apura um esquema de fraudes na liberação de créditos junto à Caixa Econômica Federal que teria ocorrido pelo menos entre 2011 e 2013.

Geddel, então vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, Marcos Roberto Vasconcelos, então vice-presidente de Gestão de Ativos do banco, José Marques da Cruz, servidor de carreira da Caixa, o empresário Marcos Antonio Molina dos Santos, dirigentes de empresas dos ramos de frigoríficos, de concessionárias de administração de rodovias, de empreendimentos imobiliários e um operador do mercado financeiro teriam participado do esquema.

"A fundamentação apresentada pela autoridade policial é bastante consistente, sendo os fatos narrados na representação indicativos de que os investigados Geddel Quadros Vieira Lima, Marcos Roberto Vasconcelos, José Henrique Marques da Cruz e Marcos Antonio Molina dos Santos faziam parte de uma verdadeira organização criminosa", destaca o Ministério Público Federal.

Segundo a Procuradoria, "todos os elementos até aqui apresentados demonstram uma sistemática ilícita para obtenção de recursos junto à Caixa Econômica Federal contando com a participação ativa do atual Secretário de Governo, Geddel Quadros Vieira Lima, quando este ainda era vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, bem como de Eduardo Cunha, e ainda do então Vice-Presidente de Fundos de Governo e Loterias, Fabio Ferreira Cleto, além do operador Lucio Bolonha Funaro".

"Os indícios apontam para a corrupção passiva de Geddel Vieira Quadros Lima, posto que, valendo-se seu cargo de vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, agia internamente, de forma orquestrada, para beneficiar empresas com liberações de créditos dentro de sua área de alçada e fornecia informações privilegiadas para os outros membros da quadrilha que integrava, composta, ainda, por Eduardo Consentino, Fabio Ferreira Cleto e Lucio Bolonha Funaro, para que, com isso pudessem obter vantagens indevidas junto às empresas beneficiárias dos créditos liberados pela instituição financeira, como a BR Vias, Oeste Sul Empreendimentos Imobiliários S.A, Marfig S.A, J&F Investimentos S.A, Grupo Bertin JBS S.A, entre outras", aponta o Ministério Público Federal.

Agentes da Polícia Federal vasculharam um imóvel de Geddel no condomínio Pedra do Valle, na rua Plínio Moscoso, no Jardim Apipema, em Salvador. Outro grupo de policiais vasculhou a residência do peemedebista em Interlagos, também na capital baiana.

Aliado muito próximo do presidente Michel Temer, Geddel entregou o cargo e foi exonerado da Secretaria de Governo em 25 de novembro, em meio ao escândalo protagonizado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que o acusou de pressioná-lo para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) autorizasse a construção de um residencial de alto padrão em uma área nobre tombada em Salvador.

Calero pediu demissão da Cultura sob alegação de que Geddel teria ameaçado levar o caso a Temer se não fosse atendido.

Marcos Roberto Vasconcelos foi indicado ao cargo pelo PT e exonerado no Governo Michel Temer (PMDB). O executivo teve um imóvel vasculhado em Maringá, no Paraná.

Segundo nota da PF, sete medidas de busca e apreensão foram determinadas pelo Juiz da 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal.

Operação Cui Bono

A investigação da Operação Cui Bono é um desdobramento da Operação Catilinárias, realizada em 15 de dezembro de 2015.

Naquela oportunidade os policiais federais encontraram um aparelho celular em desuso na residência do então Presidente da Câmara do Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Submetido a perícia e mediante autorização judicial de acesso aos dados do dispositivo, a Polícia Federal extraiu uma intensa troca de mensagens eletrônicas entre o Presidente da Câmara à época e o Vice-Presidente da Caixa Econômica Federal de Pessoa Jurídica entre 2011 e 2013. As mensagens indicavam a possível obtenção de vantagens indevidas pelos investigados em troca da liberação para grandes empresas de créditos junto à Caixa Econômica Federal, o que pode indicar a prática dos crimes de corrupção, quadrilha e lavagem de dinheiro.

Diante destes indícios os policiais passaram então a investigar o caso, que tramitava no Supremo Tribunal Federal em razão de se tratar de investigação contra pessoas detentoras de prerrogativa de foro por função. Porém, em virtude dos afastamentos dos investigados dos cargos e funções públicas que exerciam, o Supremo Tribunal Federal decidiu declinar da competência e encaminhar o inquérito à Justiça Federal do DF.

O nome da operação é uma referência a uma expressão latina que, traduzida, significa literalmente, "a quem beneficia?" A frase, atribuída ao cônsul Romano Lúcio Cássio Ravila, é muito empregada por investigadores com o sentido de sugerir que a descoberta de um possível interesse ou beneficiado por um delito pode servir para descobrir o responsável maior pelo crime.

Caixa

Alvo da Polícia Federal, que fez buscas no edifício-sede da instituição, em Brasília, a Caixa informou, em nota, que presta irrestrita colaboração com as investigações. "Em relação à Operação da Polícia Federal realizada nesta sexta-feira (13 de janeiro) e no que diz respeito à Caixa, esclarecemos que o banco está em contato permanente com as autoridades, prestando irrestrita colaboração com as investigações, procedimento que continuará sendo adotado pela Caixa."

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