Em meio a homenagens de políticos e autoridades do meio jurídico, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki foi velado e sepultado neste sábado (21), em Porto Alegre. O corpo chegou à cidade por volta das 8h15 e foi recebido pelos três filhos de Teori e pela presidente do Supremo, a ministra Cármen Lúcia, na Base Aérea de Canoas.
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De lá, seguiu em cortejo até o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), prédio inaugurado por Teori em 2002, quando presidiu o órgão. O caixão, coberto com uma bandeira do Brasil, foi colocado no plenário. No telão, onde geralmente são divulgados os votos dos magistrados, foram projetadas fotos do ministro.
Além dos familiares, os ministros Cármen Lúcia, Dias Toffoli e Gilmar Mendes se emocionaram durante a cerimônia. Toffoli ficou com a voz embargada ao falar do amigo para a imprensa. Usando óculos escuros, Cármen Lúcia amparou diversas vezes o filho mais novo de Teori, o advogado Francisco Zavascki.
Dois dos juízes que julgam casos da Lava Jato, Sérgio Moro, na primeira instância e João Pedro Gebran Neto, foram os primeiros a chegar, com a cerimônia ainda fechada para o público. “Pela relevância, importância dos serviços que ele prestava, pela situação difícil desses processos, ele foi um verdadeiro herói. Há uma grande desolação da magistratura”, declarou Moro.
Depois de aberto ao público, o plenário recebeu ex-alunos e colegas do curso de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), servidores do Judiciário e moradores da cidade que foram prestar uma última homenagem ao ministro.
Amigo há mais de 40 anos, o ex-presidente do Grêmio Paulo Odone lembrou de recente viagem com Teori. “Teori se comunicava mesmo em férias, por telefone, com essa equipe dele que estava trabalhando em Brasília. Na praia fazia esse contato. Ele dizia: ‘Não vou ficar com isso (delações da Odebrecht). Vou mandar imediatamente. Não tem drama, é só aplicar a lei’”, contou.
Odone disse que após julgamentos importantes, Teori costumava receber ameaças e críticas pelas redes sociais, o que nunca o preocupou. “Lembro que na nossa última conversa falamos sobre a vida e a importância de manter a serenidade. Eu disse que, tratando-se dele, falar em serenidade era um pleonasmo.” “Ele era a serenidade em pessoa”, afirmou o ministro Edson Fachin, do STF, ao descrever o colega.
MICHEL TEMER
O presidente Michel Temer chegou no início da tarde. Falou brevemente com os filhos de Teori e ficou por um tempo parado em frente ao caixão. Durante o velório, o presidente reafirmou que só indicará um substituto para a vaga de Teori depois que o STF definir a nomeação de um novo relator dos processos da Lava Jato.
No fim da tarde, o corpo de Teori seguiu em cortejo até o cemitério Jardim da Paz, em cuja capela houve um ato ecumênico antes do sepultamento. O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, foi até o cemitério.