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José Serra, das rotas do exílio aos caminhos truncados do poder

O ex-governador de São Paulo foi nomeado ministro das Relações Exteriores em maio passado e pediu demissão nessa quinta (22)

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Publicado em 23/02/2017 às 6:38
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O ex-governador de São Paulo foi nomeado ministro das Relações Exteriores em maio passado e pediu demissão nessa quinta (22) - FOTO: Foto: ABr
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O chanceler demissionário José Serra, que nesta quarta-feira (22) apresentou sua renúncia por problemas de saúde, ocupou quase todos os cargos do poder no Brasil, exceto um: o de presidente. Foi derrotado em 2002 por Lula, um adversário imbatível, e em 2010 pela sucessora do líder petista, Dilma Rousseff.

O ex-governador de São Paulo, de 74 anos, foi nomeado ministro das Relações Exteriores em maio passado, quando o peemedebista Michel Temer substituiu interinamente Dilma Rousseff, afastada pelo Congresso acusada de manipulação de contas públicas.

Um dos fundadores do PSDB, Serra é economista de formação. Na ditadura militar (1964-1985), foi forçado a se exilar por sua vinculação ao movimento estudantil de esquerda.

O primeiro país que o acolheu foi o Chile, onde conheceu sua esposa, Mônica Serra, com quem teve dois filhos. Após o golpe militar de Augusto Pinochet (11 de setembro de 1973), partiu para os Estados Unidos.

Foi eleito deputado em 1986 e integrou a Assembleia Constituinte, que redigiu a Constituição de 1988.

Programa anti-aids

Ainda na Presidência de Fernando Henrique Cardoso, foi nomeado ministro do Planejamento.

Seu período mais lembrado em Brasília, no entanto, foi à frente do Ministério da Saúde, onde implementou um programa pioneiro contra a aids, travando uma batalha legal contra os laboratórios para reduzir os preços dos medicamentos antirretrovirais distribuídos gratuitamente no Sistema Público de Saúde (SUS). Também autorizou a comercialização de remédios genéricos com patentes expiradas.

Em 2002, Serra fez sua primeira tentativa de chegar à Presidência, mas foi derrotado por um imbatível Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, que identificou FHC e seus colaboradores com uma questionada política de privatizações.

Retornou, então, para São Paulo, onde se elegeu prefeito e depois governador antes de tentar, mais uma vez, chegar à Presidência da República.

Desta vez, em 2010, encontrou pelo caminho uma Dilma Rousseff popular, impulsionada pela bonança econômica de então e pelos feitos de seu antecessor e padrinho político.

Seis anos depois, votou a favor da abertura de um julgamento político contra sua ex-adversária.

"Sou a favor do impeachment sem nenhuma alegria, nenhuma comemoração. O impedimento é um processo arrastado, penoso, causa constrangimentos pessoais, produz até alianças estranhas, representa uma quase tragédia para o país", disse, da tribuna, ao anunciar seu voto.

Após ser nomeado chanceler de Temer, anunciou uma mudança de rumo na política externa, dando prioridade aos interesses econômicos e deixando de lado afinidades ideológicas, ou partidárias, que marcaram as gestões de Lula e Dilma Rousseff.

"A diplomacia voltará a refletir de forma transparente e intransigente os legítimos valores da sociedade brasileira e os interesses de sua economia a serviço do Brasil como um todo e não mais das conveniências e as preferências ideológicas de um partido político e de seus aliados no exterior", disse em seu discurso de posse.

Conhecido pelo temperamento explosivo, Serra viu-se envolvido em várias polêmicas durante sua carreira. Em dezembro de 2015, a então ministra da Agricultura Katia Abreu, aliada de Dilma, atirou nele uma taça de vinho, depois que o senador a chamou de "namoradeira".

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