O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu ao pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e autorizou a abertura de inquérito para apurar se o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, cometeu crime ambiental.
O caso diz respeito à construção de um canal de drenagem no Balneário Dunas Altas, em Palmares do Sul, no Rio Grande do Sul. A obra foi executada em área de preservação permanente pela Girassol Reflorestamento e Imobiliária Ltda, empresa da qual Padilha seria sócio.
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O ministro já é processado em ação que contesta a posse de uma propriedade que ele reivindica na mesma área, conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo. O terreno se localiza em uma região cobiçada por empresas do setor elétrico.
Após a realização de uma vistoria em outubro de 2014, um parecer técnico elaborado pela Divisão de Assessoramento Técnico do Ministério Público do Rio Grande do Sul apontou que a abertura do canal e a deposição de material "resultaram na alteração dos ambientes naturais existentes no local em uma faixa de cerca de 7 metros de largura e uma extensão de 4.450 metros". Ambientes de campos de dunas móveis, dunas vegetadas, campos arenosos e áreas úmidas foram atingidos pela obra.
Em seu parecer, Janot ressaltou que um outro relatório de vistoria, elaborado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (FEPAM), apontou que a construção do canal de drenagem "trata-se de intervenção irregular, não licenciada, em área de preservação, de importância muito alta, conforme indicado pelo Ministério do Meio Ambiente".
Janot observou ainda que nas proximidades da obra havia uma placa que informava "Fazenda Giriva - Posse de Eliseu Padilha".
A apuração iniciou-se no Ministério Público do Rio Grande do Sul e foi remetida ao Ministério Público Federal depois de se descobrir que a área atingida pertence à União.
"É o caso de prosseguimento da investigação sob supervisão da Suprema Corte", escreveu Janot, que pediu que o ministro Padilha fosse notificado para, "caso o queira", prestar esclarecimentos sobre os fatos investigados.
A suspeita sobre Padilha é a de destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção. A pena prevista para esse crime é de um a três anos de prisão e/ou multa.
Lista de Janot
O nome de Eliseu Padilha foi incluído na chamada "lista de Janot" em que constam os parlamentares que deverão ser investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Lava Jato. A lista de políticos que deverão ser investigados foi entregue no dia 14 deste mês, pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao STF.
Além do ministro, também constam na lista de Janot outros nomes da cúpula político-partidária como o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG) A PGR também pediu investigação para ao menos cinco dos 29 ministros de Temer (PMDB). São eles, Eliseu Padilha (PMDB), que comanda a Casa Civil Moreira Franco (PMDB), da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Kassab (PSD), das Comunicações, Bruno Araújo (PSDB), das Cidades, e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), das Relações Exteriores.
Os casos dos ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva e dos ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega devem ser remetidos à primeira instância, uma vez que perderam o foro privilegiado.
Padilha diz em nota que firmou termo de compromisso ambiental com fundação do RS
A assessoria de imprensa da Casa Civil distribuiu nota nesta quarta-feira, 15, sobre o inquérito autorizado pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a abertura de inquérito para investigar se o ministro Eliseu Padilha cometeu crime ambiental no Rio Grande do Sul. De acordo com a Casa Civil, "sobre o inquérito hoje autorizado para apurar fatos atribuídos ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, por suposto crime ambiental pela abertura de uma vala, o ministro esclarece que: foi firmado em 09 de dezembro de 2016 Termo de Compromisso Ambiental (TAC) com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (Fepam/RS) para extinguir qualquer obrigação relativamente a tal fato".
Mais cedo, a Casa Civil havia informado que o ministro Padilha não iria se pronunciar sobre o caso. Na tarde desta quarta-feira Padilha embarcou para Porto Alegre, onde permanecerá até segunda-feira, sem compromissos oficiais. Padilha retornou esta semana a Brasília depois de ficar afastado por 21 dias por conta de uma cirurgia de retirada de próstata. O ministro volta para Brasília na próxima segunda-feira. Ele tem consultas em Porto Alegre.