O Palácio do Planalto afirmou nesse domingo (19), em nota, que as "todas as carnes" servidas ao presidente Michel Temer e aos embaixadores convidados para o jantar em uma churrascaria de Brasília eram de origem brasileira. Segundo o governo, a gerência do estabelecimento teria apresentado os produtos servidos a outros veículos de imprensa que questionaram a origem do produto, sem citar que veículos foram esses.
Leia Também
- Rodízio de carne que Temer foi jantar custa R$ 119 por pessoa
- Carne bovina comida por Temer em rodízio é importada
- Operação Carne Fraca "não é para causar um terror", diz Temer
- Embaixadores ainda não receberam nota técnica sobre a Carne Fraca
- Maggi divulgará nome e dados de empresas da Operação Carne Fraca
- Temer decide acelerar auditoria em estabelecimentos produtores de carne
- "Precisamos ouvir o que o Brasil vai dizer", fala embaixador da UE sobre as denúncias de fraude nas carnes
A versão do Planalto é diferente do que informaram funcionários da churrascaria ao Broadcast Político. Segundo funcionários ouvidos pela reportagem, a carne bovina que o presidente e os embaixadores comeram não era de origem brasileira. A informação de garçons do restaurante era de que somente as carnes suínas e de frango servidas no local são nacionais. A carne bovina é importada da Argentina, Uruguai e Austrália.
Um atendente da churrascaria também afirmou que as carnes bovinas eram importadas, quando contactados pela Coluna do Estadão. Por telefone, um atendente do restaurante afirmou à coluna que a churrascaria "só trabalha com corte europeu, australiano e uruguaio". "Pode vir tranquilo, que a gente mostra a câmara fria e o açougue" disse o funcionário do estabelecimento. O Broadcast Político não conseguiu contato novamente com o restaurante após a nota do Planalto.
Temer jantou no local neste domingo acompanhado de ministros e embaixadores e representantes de 27 países, em um gesto político para tentar minimizar os efeitos negativos da Operação Carne Fraca sobre a venda de carne brasileira. Eles participaram de um rodízio. O Palácio do Planalto reservou uma mesa para 80 pessoas O preço do rodízio por pessoa foi de R$ 119. O valor incluía carnes, um bufê de saladas, acompanhamentos e sushi. A bebida era à parte.
Temer comeu carne bovina e frango, quejo coalho assado, acompanhado de caipirinha. Na mesa, também foi servido vinho tinto nacional, da vinícola Casa Valduga, produzido em Bento Gonçalves (RS). A conta foi paga pelo Planalto, que não informou o valor..Temer passou cerca de uma hora no local. No final, tirou foto com os garçons que o serviram. Em rápida entrevista, disse que a mensagem que queria passar com o jantar era de que não há motivos para causar "terror" no exterior sobre a carne brasileira.
Veja a nota do Planalto sobre o jantar de Temer:
"Todas carnes servidas, neste domingo, ao presidente Michel Temer e aos embaixadores convidados para jantar na churrascaria Steak Bull foram de origem brasileira. A gerência do estabelecimento inclusive apresentou os produtos servidos a órgãos sérios da imprensa que questionaram a origem do produto."