O ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, Alexandrino Alencar, afirmou em delaçao que coordenou o pagamento em espécie de R$ 21 milhões de caixa dois para três partidos aliados da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer nas eleições de 2014.
O depoimento foi concedido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A maior parte dos recursos foi entregue em hotéis e flats de São Paulo. Segundo Alencar, os partidos beneficiados foram o PRB, Pros e PC do B. Cada um teria recebido R$ 7 milhões. A delação menciona ainda o repasse de R$ 4 milhões ao PDT, operacionalizado por outra pessoa da Odebrecht. O delator afirmou que, pelo PRB, o articulador foi o atual ministro de Indústria e Comércio, Marcos Pereira.
Leia Também
- Edson Fachin não tem prazo para tornar delações da Odebrecht públicas
- Depoimentos da Odebrecht geraram material de 500 gigabytes
- Defesa de Dilma pede ao TSE acesso a delações premiadas da Odebrecht
- Odebrecht paga R$ 30 mi para encerrar maior ação por trabalho escravo do Brasil
- Defesa de Dilma nega ter dado ordens à Odebrecht
- Marcelo Odebrecht desiste de Dilma como testemunha na Lava Jato
- Nova ação da Lava Jato é a 1ª com base em delações da Odebrecht
- Fachin recebe pedidos de investigação baseados nas delações da Odebrecht
"Pelo PROS, o meu interlocutor foi o presidente do PROS, Eurípedes Junior, pelo PCdoB, foi o senhor chamado Fábio (...), que é de Goiás aqui; e pelo PRB, o atual Ministro Marcos Pereira, que era presidente do PRB. Às vezes a pessoa, o partido, ficava num hotel e o recurso ia para o hotel, ou tinha um lugar fixo em São Paulo, um flat, onde as pessoas dos partidos iam lá buscar", relatou.
O ex-diretor da Odebrecht prestou o depoimento ao ministro Herman Benjamin, relator do processo de cassação da chapa, no dia 6 de março. De acordo com o delator, havia uma demanda para a Odebrecht ajudar na "compra de partidos" em uma negociação
feita com o petista Edinho Silva, então tesoureiro da campanha.
"Houve essa demanda para a gente contribuir via caixa dois, e eu fiquei encarregado de três partidos. Então, três partidos foram feitos por mim, a saber: o PROS, o PC do B e o PRB", disse Alencar.
Tempo de TV
O ministro do TSE indagou se o dinheiro seria utilizado para a "compra" das legendas. Ele respondeu que sim e ainda
citou compras do tempo de TV.
"Sim, para a compra dos partidos. E tanto é, depois quando eu contatei as pessoas que o Edinho me solicitou pra falar,
era claramente uma compra do tempo de TV, que se não me engano deu, aproximadamente, 1/3 (um terço) a mais
de horário de TV para a chapa. O Edinho Silva chegou e disse: 'olha, nós estamos fazendo... Estamos conversando
com os partidos e os partidos vão entrar na coligação por tempo de TV e o compromisso é pagar R$ 7 milhões para cada partido", disse.
Alexandrino Alencar afirmou que as operações foram autorizadas pelo ex-presidente e herdeiro do grupo, Marcelo Odebrecht.
Segundo o delator, o dinheiro saía do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, que contabilizava o pagamento de propina.