Fernando Reis, ex-diretor da Odebrecht Ambiental, afirmou em depoimento que, na campanha presidencial de 2014, pediu ao então candidato a presidente Pastor Everaldo (PSC) que ajudasse o candidato Aécio Neves (PSDB) no debate eleitoral do primeiro turno.
De acordo com Reis, a intenção era que o tucano tivesse mais tempo para expor suas ideias e, assim pudesse chegar ao segundo turno. O executivo não esclareceu se Aécio tinha conhecimento do pedido feito a Pastor Everaldo. Ele ainda disse que, analisando o debate dos presidenciáveis no primeiro turno, é possível perceber que o Pastor "fez perguntas simples, inócuas, para que o candidato Aécio pudesse ter tempo na televisão".
Essa orientação foi dada depois que a candidatura de Pastor Everaldo perdeu fôlego. Quando Marina Silva herdou a candidatura de Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo, o eleitorado de Pastor Everaldo, formado em grande parte por evangélicos, migrou para ela. "Ele já entendia que a candidatura dele tinha terminado. Então, como a gente se sentia de alguma forma credor por ter contribuído tanto para a campanha dele, eu sugeri a ele que usasse o tempo do debate sempre pra perguntar ao candidato Aécio", detalhou Reis.
Diversos repasses foram autorizados por Reis para a campanha de Everaldo, via caixa dois, a partir do fim de 2013. O valor total chega a aproximadamente R$ 6 milhões, segundo o delator. Os pagamentos foram feitos a Rogério Vargas, que costumava acompanhar Pastor Everaldo nas reuniões com os executivos da Odebrecht.
A delação de Renato Medeiros também menciona pagamentos feitos ao então candidato do PSC por meio de Vargas. O delator contou à Procuradoria que um dos pagamentos, no valor de R$ 1 milhão, foi feito em duas parcelas de R$ 500 mil. "Nesse caso específico, pelo que me recordo, esse pagamento seria feito no escritório do senhor Rogério Vargas", disse.
Resposta do Pastor Everaldo
O Pastor Everaldo disse em nota que "todas as doações recebidas pela sua campanha, em 2014, obedeceram à legislação vigente". Afirmou ainda que confia na Justiça e que "obrigará as pessoas envolvidas em acordos de colaboração a comprovar as supostas acusações".