O ex-presidente Lula, o ex-ministro Antonio Palocci, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB), o senador Edison Lobão (PMDB-MA), o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB). Estes e outros nomes de destaque do PMDB e do Partido dos Trabalhadores estão inclusos nas 25 petições feitas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) que ainda estão em sigilo de acordo com decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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Segundo informações do Estadão, que teve acesso aos dados, as petições são baseadas nas delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht e tratam de fatos ainda não divulgados, porque, para a procuradoria, sua publicação poderia prejudicar as investigações.
Nove campanhas eleitorais tiveram relatos de pagamentos de vantagens indevidas. Com repasses também em dólar, o valor total chegaria a R$ 17,43 milhões.
Lula
A empresa Exergia, de Taiguara Rodrigues - sobrinho da primeira mulher de Lula - teria um contrato com a Odebrecht para prestação de serviços em Angola entre 2011 e 2014. De acordo com quatro colaboradores, a contratação teria sido feita a pedido do ex-presidente.
Segundo delações, a Exergia não detinha experiência no ramo da construção civil, sendo constituída por Taiguara apenas para fazer uso da influência de Lula, que também é citado em relação às operações da Odebrecht em Cuba, no Porto de Mariel.
A atuação do grupo baiano no país caribenho teria sido auxiliada por agentes públicos sob influência do ex-presidente Lula e Fernando Pimentel, atual governador de Minas Gerais e ex-ministro. Segundo delação de Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do conglomerado, Lula e Pimentel intervieram para que as obras da companhia fossem viabilizadas em Cuba.
Para este caso, os relatos e documentos serão encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), graças ao possível envolvimento de um governador, e à Justiça Federal da Justiça Federal, para que haja análise da atuação de quem não tem prerrogativa de foro.
Belo Monte
Integrantes da cúpula do PMDB estão envolvidos em informações relativas à usina de Belo Monte apresentadas por seis delatores. Depoimentos de executivos das construtora Andrade Gutierrez foram o marco das investigações. As informações em sigilo serão incluídas nos dois inquéritos previamente existentes no Supremo. A 13ª Vara Federal do Paraná, sob a responsabilidade do juiz Sérgio Moro, investiga os suspeitos que não têm prerrogativa de foro.
Peru e El Salvador
Incluído na lista de Fachin, Antonio Palocci, segundo delatores, teria feito pedidos de pagamentos para campanhas eleitorais no Peru e em El Salvador. Colaboradores apontaram, também, o pagamento de R$ 3 milhões de reais para a campanha de Ollanta Humala para a presidência do Peru. A pedido do ex-ministro, o marqueteiro João Santana teria recebido R$ 5,3 milhões para que trabalhasse na campanha de Maurício Funes, eleito presidente de El Salvador em 2009. Em ambos os casos, os repasses teriam sido feitos tendo o Setor de Operações Estruturadas, o “departamento da propina”, como intermediário.
Campanhas
Três campanhas no Brasil também estão com informações em sigilo sobre o pagamento via caixa 2, segundo a Odebrecht. O ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB) teria recebido R$ 2 milhões na campanha eleitoral para o governo do Rio Grande do Norte, em 2014, na qual, juntamente com Eduardo Cunha, o próprio candidato teria pedido o dinheiro. Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já há uma investigação prévia sobre o tema na Procuradoria da República do Rio Grande do Norte. O ministro Fachin autorizou remessa para o Estado com base nesse posicionamento.
O senador Valdir Raupp (PMDB-RJ) teria recebido R$ 500 mil na candidatura ao Senado em 2010. As delações que apontam isso entram de acordo com o depoimento do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em acordo de delação premiada. As informações serão incluídas nos autos dos dois inquéritos que já existem no Supremo.
O deputado estadual em São Paulo pelo PT, Luiz Fernando Teixeira Ferreira, teria recebido R$ 300 mil na campanha em que foi eleito, em 2014. Esta petição foi enviada ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região.