Lava Jato

Executivo da OAS mostrou projetos de Atibaia e do tríplex a Lula

A Operação Lava Jato atribui as duas propriedades ao petista, que nega

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Publicado em 27/04/2017 às 14:20
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A Operação Lava Jato atribui as duas propriedades ao petista, que nega - FOTO: Foto: Douglas Magno/AFP
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Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, o executivo Paulo Gordilho, ligado à OAS, contou que foi a São Bernardo do Campo - município do ABC paulista -, mostrar ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva dois projetos relacionados ao sítio Santa Bárbara, de Atibaia, no interior de São Paulo, e ao tríplex 164-A, no Guarujá, no litoral paulista. A Operação Lava Jato atribui as duas propriedades ao petista, que nega.

Gordilho narrou a Moro que foi à cidade onde mora o ex-presidente acompanhado do ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro. "Quando Léo queria os dois projetos prontos, ele queria passar para o ex-presidente e a ex-primeira-dama (Marisa) os projetos. Eram três folhas de papel com a foto de Atibaia, da cozinha de Atibaia e um caderninho do projeto de customização do Guarujá e ele queria passar. Só que ele viajou e não pôde levar isso. Aí ele pediu para o motorista me pegar num sábado de manhã e nós fomos até São Bernardo do Campo. Fui eu e ele", declarou. "Fomos lá e explicamos os dois projetos. Eu peguei com Roberto (Moreira, também da OAS) para analisar, para ver o que era, para poder chegar lá e explicar."

Segundo o executivo, nesta ocasião, foram mostrados a Lula e dona Marisa (morta em fevereiro passado vítima de um AVC) o projeto para as duas propriedades. "O sítio de Atibaia, na realidade, não era nem um projeto, que o projeto a Kitchens fez. Mas ela fez umas plantas decoradas que até um leigo completo saberia ver, que é ver uma foto de uma cozinha pronta apesar de não estar pronta, estar desenhada, colorida, né, com prato, talher, tudo em cima, mas uma foto de arquitetura, não era um projeto em si", disse. "Neste dia lá em São Bernardo do Campo foi mostrado os dois."

"Para o ex-presidente?", quis saber Moro. "É", respondeu Gordilho.

"Houve concordância com o projeto?", questionou o magistrado. "Eu diria que houve, porque tanto que foi feito. Mas, vamos dizer assim, eles não entenderam bem. Tirando a cozinha de Atibaia que era uma foto, não pode também exigir que dona Marisa e o ex-presidente conheçam projeto de planta baixa, corte de um projeto de arquitetura, entendeu?", disse o executivo.

Paulo Gordilho foi interrogado em ação penal na qual é réu também o ex-presidente Lula. O petista é acusado de receber R$ 3,7 milhões em benefício próprio - de um valor de R$ 87 milhões de corrupção - da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012.

As acusações contra Lula são relativas ao suposto recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira OAS por meio do tríplex no Guarujá, no Solaris, e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, de 2011 a 2016.

Outro lado

Pelo lado da defesa de Lula, o advogado Cristiano Zanin Martins disse que "a narrativa de Paulo Gordilho, ex-diretor técnico da OAS Empreendimentos, de que soube em 2011 que a unidade 164-A do Condomínio Solaris, no Guarujá, havia sido reservada para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou isolada e sem nenhuma evidência após ele reconhecer, em respostas a perguntas da defesa, que não tinha qualquer conhecimento ou atuação na área de vendas da empresa".

"A declaração também destoa não apenas das 73 testemunhas que o antecederam nos depoimentos sobre o caso tríplex - entre eles funcionários da companhia-, mas também do que afirmou Fábio Yonamine, ex-presidente da mesma OAS Empreendimentos. Gordilho e Yonamini foram ouvidos hoje em Curitiba e também são réus na ação penal", destacou a defesa do ex-presidente da República.

Zanin disse que, subordinado a Léo Pinheiro, Yonamine foi categórico ao dizer que a área financeira da OAS Empreendimentos não tinha conhecimento de reserva de qualquer unidade para o ex-presidente - que nunca nenhum pedido lhe foi feito por Pinheiro nesse sentido - e que a unidade 164-A sempre integrou o estoque da empresa, ou seja, era e continua sendo um ativo da OAS. "A mesma informação havia sido prestada em depoimento por Igor Pontes e Mariuza Marques, ambos também da OAS Empreendimentos. Pontes foi ouvido no processo como testemunha, com obrigação de dizer a verdade, e reforçou, em seu depoimento, que a reforma era 'para melhorar a unidade, já que era muito simples, com o intuito de facilitar o interesse de Lula pelo apartamento'."

A defesa de Lula salientou ainda que o pedido de reforma do tríplex foi feito a Yonamine por Pinheiro, que pediu igualmente que ele organizasse uma visita à unidade para Lula e dona Marisa Letícia, o que ocorreu em fevereiro de 2014. "Afirmou que essa visita foi uma apresentação do apartamento e das áreas comuns do prédio e que o ex-presidente e sua esposa não pediram nenhuma alteração no imóvel, mas fizeram apenas observações em relação ao local. Yonamine disse que a reforma feita pela OAS no imóvel de propriedade da empresa foi realizada com recursos próprios e lícitos, sem qualquer relação com a Petrobras." "Quanto às melhorias feitas no sítio de Atibaia, de propriedade de Fernando Bittar, registra-se que o próprio Gordilho reconheceu ter estado com ele na propriedade e que era Bittar quem sempre tratou com a OAS sobre o imóvel."

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