Dirigentes e parlamentares petistas reunidos nesta terça-feira (9), em Curitiba disseram que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se concentrar em questões técnicas do processo em vez de fazer disputa política durante o depoimento ao juiz Sergio Moro, marcado para esta quarta-feira (10). "Creio que ele (Lula) não deve fazer disputa política. Tem que identificar as fragilidades e contradições do processo", disse o senador Humberto Costa (PT-PE).
A Comissão Executiva Nacional do PT se reuniu nesta terça-feira, 9, em Curitiba. A reunião faz parte do "esquenta" para os atos políticos em defesa do ex-presidente programados para quarta.
Leia Também
Os líderes petistas disseram que o confronto político não interessa a Lula, pois, segundo eles, a Lava Jato não tem provas de que o ex-presidente seja o dono oculto do apartamento triplex no Guarujá, objeto do processo. Lula é réu sob acusação de lavagem de dinheiro e corrupção. Segundo a denúncia do Ministério Público, ele teria recebido R$ 3,7 milhões em propinas da empreiteira OAS em contrapartida a três contratos da empresa com a Petrobras.
"Não pode um processo judicial ter este nível de politização", disse a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), candidata à presidência do partido.
Os petistas adotaram o discurso elaborado pela defesa de Lula de que é Moro quem está politizando o depoimento ao pedir aos "apoiadores da Lava Jato" que não se manifestem durante o depoimento para evitar confrontos. "Não imaginava que juiz tivesse políticos e oponentes. O juiz tem que ser imparcial porque não é político", disse o presidente do PT, Rui Falcão.
Ele reclamou da decisão da Justiça de impedir gravações ou transmissão do depoimento. "Seria bom que ao longo do dia tivéssemos algum conhecimento do que está acontecendo lá dentro", disse ele.
A executiva petista aprovou duas notas na reunião. A primeira é em defesa de Lula e reitera o que as lideranças têm dito desde que o nome do ex-presidente foi envolvido na Lava Jato. "Nos últimos três anos, o ex-presidente Lula sofreu uma verdadeira devassa em sua vida pessoal, com acusações de todos os tipos, sem que qualquer prova tenha sido apresentada contra ele. Isso caracteriza uma perseguição própria de um estado de exceção, em que são suprimidas garantias e direitos individuais previstos na Constituição brasileira e em tratados internacionais", diz o texto.
A segunda nota critica e convoca a militância petista a se mobilizar contra as reformas trabalhista e da Previdência.