Em novo pronunciamento à nação, realizado na tarde deste sábado (20), o presidente Michel Temer (PMDB) voltou a se defender das acusações de envolvimento em irregularidades feitas pelo empresário Joesley Batista e divulgadas nesta semana. O peemedebista afirmou que o dono da JBS se beneficiou com a delação e reiterou que não vai renunciar.
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"Registro que li hoje uma notícia no jornal Folha de S. Paulo mostrando que uma perícia constatou que houve edição no áudio da minha conversa com o senhor Joesley Batista. Essa gravação clandestina foi veiculada e adulterada por motivos subterrâneos e incluída no inquérito sem a devida e adequada averiguação, levando pessoas ao engano e trazendo graves crises ao Brasil", comentou o presidente.
Na sua fala, Temer fez questão de frisar que está tomando as medidas jurídicas para que a autenticidade do arquivo seja avaliada. "Estamos entrando com petição no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender o inquérito até que seja verificada a autenticidade da gravação", cravou.
Em outro momento do pronunciamento, o peemedebista afirmou que Batista planejou a gravação e se beneficiou com os resultados da delação. "O autor do grampo está livre e solto andando pelas ruas de Nova Iorque enquanto o Brasil, em crise, vive dias de incerteza (...). Não passou nem um dia dia na cadeia, não foi punido. Antes de entregar a gravação, comprou um bilhão de dólares porque sabia que isso provocaria um caos no câmbio. Vendeu ações da própria empresa porque sabia que o valor delas despencaria", comentou o presidente.
Sobre o fato de ter sido gravado indicando o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB) para tratar de assuntos da JBF, temer afirmou: "Não há crime em ouvir reclamações e me livrar do interlocutor passando-o para que outra pessoa ouça suas lamúrias".
Ao encerrar sua fala, em que destacou o impacto da divulgação dos áudios da delação de Joesley na economia e na política do país, Temer reforçou que permanece no cargo. "O Brasil não sairá dos trilhos, eu continuarei à frente do governo", disse.
CRISE NACIONAL
Na última quarta-feira (17), uma conversa entre Batista e o presidente foi publicada pelo colunista Lauro Jardim no site do jornal O Globo e causou um turbilhão na política nacional. O diálogo foi gravado pelo empresário e entregue como prova da sua delação premiada. Segundo o dono da JBS, Temer concordou com a compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha e não tomou nenhuma providência ao tomar conhecimento que ele comprou um procurador da República para conseguir informações privilegiadas sobre a Lava Jato.
INVESTIGAÇÃO
Após a divulgação destas informações, o procurador geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito contra o presidente e teve sua solicitação acatada. Estão sendo investigados os crimes de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça.