A reunião entre a presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos Marques, e o presidente Michel Temer, sobre a reestruturação societária da JBS ocorreu antes de a BNDESPar, empresa de participações da instituição de fomento, informar ao mercado a decisão de barrar a operação.
Em nota enviada ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, o BNDES informou que a reunião entre Temer e Maria Silvia ocorreu em 24 de outubro do ano passado. Conforme a agenda pública da presidente do banco, disponível na internet, o encontro se deu em paralelo à Rio Oil & Gas, principal feira de negócios do setor de óleo e gás, da qual Temer participou da abertura.
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No dia 26 daquele mês, o BNDES, dono de cerca de 20% do capital do frigorífico, surpreendeu o mercado ao vetar a reestruturação, que previa originalmente a criação da JBS Foods International, com sede na Irlanda.
Mais cedo, o BNDES havia confirmado que Maria Silvia, acompanhada dos diretores jurídico, Marcelo de Siqueira Freitas, e da Área de Mercado de Capitais, Eliane Lustosa, "participou de reunião com o presidente sobre a operação de internacionalização da JBS e o direito de veto da BNDESPar".
"O presidente somente ouviu informações sobre as razões que levaram a BNDESPar a vetar a operação", diz a nota do BNDES.
Questionada posteriormente sobre que informações sobre as razões que levaram a BNDESPar a vetar a operação foram repassadas ao presidente Temer, a assessoria de imprensa do banco de fomento informou que essas informações "foram informadas em comunicado oficial do BNDES no dia 26/10/2016".
O anúncio do veto do BNDES à operação pegou o mercado de surpresa. As ações da JBS tombaram 11,45% em 26 de outubro do ano passado. Na época, o banco alegou que a previsão de transferência da propriedade de ativos, que representariam aproximadamente 85% da geração do caixa operacional da JBS, para uma companhia estrangeira, implicaria na desnacionalização da empresa e alteraria substancialmente os direitos e deveres conferidos a todos os acionistas.
O plano original de reestruturação societária transferiria todos os negócios fora do Brasil e a Seara Alimentos para a JBS Foods International, com sede na Irlanda e que teria ações listadas na Bolsa de São Paulo e em Nova York, por meio de BDRs (títulos negociados em Nova York, que representam ações de empresas brasileiras).
Com o veto do BNDES, a JBS fez ajustes na operação. Um novo plano de reestruturação foi anunciado em dezembro ao mercado. No novo modelo, a sede ficaria na Holanda e a JBS Foods International, que seguiria com os ativos no exterior e a Seara, abriria capital na Bolsa de Nova York, numa oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) e não mais por meio de BDRs.