Em entrevista concedida à Folha de São Paulo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes explicou que a decisão tomada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de inocentar a chapa Dilma-Temer no julgamento encerrado na última sexta-feira (9), não foi de cunho político e que o tribunal não desprezou provas.
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Em resposta, Gilmar afirmou que 'o debate se cingiu à discussão sobre o que foi pedido na inicial', em referência a ação impetrada pelo PSDB contra a chapa, vencedora na eleição presidencial de 2014. Sobre uma semelhança entre a saída de Dilma, com uma eventual retirada do presidente Michel Temer, o ministro foi taxativo. "O problema da Dilma, não era jurídico. E sim de apoio no Congresso. Ela precisava de votos para barrar o impeachment. Uma liminar não salvaria seu mandato. Se quiserem, igualmente, afastar o Temer, que o façam pelo Congresso".
Questionado sobre a atuação política de grupos de mídia, o magistrado respondeu que parte da imprensa "passou a entender que aqui [no TSE] estava a solução para o problema político". Gilmar acrescentou também que muitas vezes cabe aos juízes tomar decisões contramajoritárias, desagradando assim a "vox populi" e a mídia.
Ele ainda sugeriu que se não fosse assim, "seria melhor extinguir a Justiça e criar um sistema de 'Big Brother' para ouvir o povo e setores da imprensa". Ainda sobre o tema, concluiu dizendo "Queriam que o tribunal decidisse essa questão política, lançando o país em quadro de incógnita".
Pressão
Sobre o clima de pressão no julgamento, o ministro afirmou ser uma situação delicada e que existem magistrados que decidem de olho na opinião pública.
Quando o assunto foi a suposta investigação feita pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra o ministro do STF Edson Fachin, divulgada em reportagem da Revista Veja, Mendes saiu em defesa do magistrado. "Certamente temos que nos preocupar com isso e dar toda a proteção ao ministro Fachin, que está realizando um excelente trabalho".
Por outro lado, questionou a postura da ministra do STF Cármen Lúcia. "É preciso que ela assuma a defesa institucional do tribunal e de todo o Judiciário. E não só de um ou de outro".
