Aliado do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Lucio Bolonha Funaro entregou à Polícia Federal reproduções de diálogos entre sua mulher, Raquel Funaro, e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, do Governo Michel Temer. As correspondências pelo aplicativo WhatsApp foram registradas em oito datas entre 17 de maio e 1 de junho deste ano - neste período a Operação Patmos, que pega o presidente, já estava em curso.
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Na avaliação dos investigadores, os contatos reforçam suspeita de que Geddel estaria preocupado com uma possível delação premiada de Lucio Funaro. Por isso, procurou Raquel.
Funaro está preso na Papuda, em Brasília, desde 1 de julho de 2016, quando foi alvo da Operação Sépsis. Por meio de seu advogado, Bruno Espiñeira, o aliado de Eduardo Cunha fez chegar à PF "impressos de ligações" recebidas por Raquel via WhatsApp. As ligações foram feitas por um certo "Carainho", que, segundo os investigadores, é Geddel.
Os telefonemas são datados de 17, 18, 20, 23, 24, 29 e 31 de maio e também em 1 de junho deste ano. No dia 18 de maio, a Polícia Federal deflagrou a Operação Patmos, a partir da delação da JBS, por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A investigação tem duas frentes. Uma pega o presidente Michel Temer e seu ex-assessor especial Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o homem da mala. A outra mira o senador Aécio Neves (PSDB-MG), sua irmã Andrea Neves e seu primo Frederico Pacheco, o Fred, além de Mendherson Lima, ex-assessor do senador Zezé Perrella (PMDB-MG).
Naquele dia, a PF prendeu Roberta Funaro, irmã de Lucio. Ela foi filmada, em ação controlada da Polícia Federal, pegando propinas da JBS para o aliado de Eduardo Cunha.
Defesa
A defesa de Geddel rechaçou "a prática de qualquer ilicitude por parte do seu constituinte". "É importante ser ressaltado que, desde que se viu injustamente enredado em procedimentos de apuração instaurados em seu desfavor, o Senhor Geddel Vieira Lima colocou-se à disposição de todas as autoridades constituídas, comparecendo espontaneamente para prestar declarações, inclusive com deslocamentos para capital federal, disponibilizando os seus sigilos bancário e fiscal, não criando qualquer óbice para o prosseguimento das investigações", diz a defesa.
"Vale salientar que, conforme asseverado até mesmo por delatores premiados, desde que se afastou do cargo de Ministro de Estado, o Senhor Geddel Vieira Lima passou a reservar-se na sua intimidade, distanciando-se de qualquer contato com membros do Governo Federal e, principalmente, com pessoas investigadas. Inclusive, tratou-se de manchete de diversos veículos de informação, o alegado 'sumiço' do Senhor Geddel Vieira Lima que, sempre confiando na serenidade da justiça e probidade de sua conduta, espera que seja prontamente restaurada a realidade histórica dos fatos", diz a nota assinada pelo advogado Gamil Föppel.