O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e o vice-presidente nacional do partido, governador Paulo Câmara, têm visões distintas a respeito do posicionamento da legenda em relação à denúncia que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deverá apresentou contra o presidente Michel Temer (PMDB). Antes da denúncia ser aceita no Supremo Tribunal Federal (STF), ela precisa ser aprovada por 342 deputados federais no Congresso.
Nesta segunda-feira (26), após uma reunião com o presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho, Paulo Câmara evitou se comprometer e não afirmou se PSB deveria fechar questão pela aceitação da denúncia.
"Acho que o momento exige cautela. A gente não sabe nem o que vai vir em termos de denúncia, quando ela vai ser apresentada. Vamos aguardar. O momento é de aguardar. O Brasil passa por um período tão difícil que exige de todos nós tanta serenidade, tanta busca de alternativas para ajudar o Brasil. Então, eu, como membro partidário, acho que o momento é de esperar para ver o que vai acontecer", afirmou.
A declaração de Paulo Câmara foi dada à tarde, antes de Janot apresentar oficialmente a denúncia contra Temer.
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Por telefone, Carlos Siqueira foi bem mais enfático do que Paulo Câmara. "Um partido que pede a renúncia do presidente e que faz um pedido de impeachment precisa de mais alguma coisa? Acho que está naturalmente (colocada a questão). O partido está na oposição e não dá para querer proteger o presidente. Toda denúncia tem que ser apurada e se ele for inocente vai provar", afirmou.
Um levantamento feito pelo Jornal do Commercio apontou que quatro deputados do PSB devem votar para que a denúncia de Janot seja aceita na Câmara Federal. Um parlamentar votará pelo arquivamento, favorecendo Temer, e outros dois estão indefinidos.
Na próxima quinta-feira (29), haverá uma reunião da Executiva nacional do PSB, mas o governador ainda não sabe se poderá ir a Brasília participar do encontro. Ele afirmou que só definirá se terá condições de viajar na quarta-feira.
"O partido vai discutir isso. A gente vai ter a oportunidade de expor, claro, a nossa preocupação com o Brasil e com o futuro e na expectativa que haja encaminhamento à altura da necessidade do momento", afirmou Paulo.
De acordo com Carlos Siqueira, a reunião é para tratar das eleições internas que terão início em julho com as instâncias municipais. Entre agosto e setembro, o processo eleitoral será nos Estado e em outubro haverá a definição de quem será o próximo presidente do PSB.
Carlos Siqueira quer se reeleger, mas enfrenta a oposição do vice-governador de São Paulo, Márcio França, que tem o apoio do senador Fernando Bezerra Coelho e do ministro das Minas e Energia, Fernando Filho. Os dois grupos têm trocado farpas pelos jornais e o atual presidente já declarou que o auxiliar do presidente Temer não representa o PSB no governo federal.
"Ainda não estou tratando desse assunto (eleições). Antes do final do assunto de julho ou início de agosto, não vou tratar disso", destacou Siqueira.
Paulo Câmara tem procurado atuar como bombeiro dentro do partido e já fez elogios tanto a Carlos Siqueira quanto a Fernando Bezerra Coelho. O governador vem articulando para que o PSB não chegue ainda mais rachado à eleição e há a expectativa que possa haver uma composição entre os dois grupos.
PROGRAMA DE TV
Na última semana, o PSB veiculou um programa de dez minutos em cadeia nacional de televisão e pediu a renúncia de Temer e a realização de eleições diretas para presidente da República ainda este ano.
Na avaliação de Paulo Câmara, não houve novidade no programa exibido na TV.
"Ele reflete o que a Executiva nacional do partido já tinha decidido na sua última reunião. Evidentemente, o momento exige cautela, um olhar muito responsável em relação a tudo isso. O Brasil precisa realmente de estabilidade, de instituições fortes, de buscar caminhos para sair dessa crise, então a gente tem que ter realmente a possibilidade de esperar, esperar para ver o que vai acontecer ainda e a partir disso ver os desdobramentos. O partido tomou uma posição lá atrás, a gente tem que respeitar, é uma posição que reflete a maioria da Executiva, mas a gente tem que ver uma forma de ajudar como partido, como Estado, como dirigente partidário e é isso que procuro fazer nas discussões que travo", declarou.
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