Quando o senador Aécio Neves perdeu a disputa para a presidência da República para Dilma Rousseff (PT) por uma margem pequena de votos em 2014, imaginava-se que ele seria o nome que o PSDB iria apresentar em 2018. O político mineiro foi abatido em pleno voo bem antes de se cacifar para entrar no pleito do ano que vem. O ocaso de Aécio levantou a bola do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Com o nome citado na operação Lava Jato, porém ficou com o capital político abalado e vê agora uma ascensão repentina de João Doria, seu afilhado político e prefeito da capital paulista.
Doria não fala de forma aberta em pré-candidatura, mas trabalha para ficar com a imagem de que bem mais competitivo do que Alckmin para ser o presidenciável do PSDB. Uma das estratégias do prefeito é propagar a imagem de que é o homem certo para polarizar com o PT e sobretudo com o ex-presidente Lula.
Em Pernambuco, Doria tem o apoio do vereador André Régis. “O melhor candidato é João Doria mesmo por não ter nenhum envolvimento com a Lava Jato. Esse é um grande fator de diferencial para a eleição de 2018, quem está mencionado na Lava Jato. Além do mais, ele tem demonstrado em pouco tempo na prefeitura de São Paulo que já conseguiu muitos feitos”, avalia.
Para o ex-governador e presidente do Instituto Teotônio Vilela no Estado, Joaquim Francisco, Alckmin é quem deve ser alçado ao posto de candidato do PSDB no ano que vem.
“Estamos em um período de profundas dificuldades para o País e Alckmin é um homem testado e aprovado. Doria é uma excelente figura, é lúcido, um empresário competente, mas não precisa ter essa pressa que aniquila o verso”, teoriza.
A preferência por Alckmin também é do senador José Aníbal (SP). Ao avaliar os dois colegas de partido, ele mostra que o PSDB poderá viver dias de fogo amigo até definir quem de fato será o candidato à presidência da República.
“O Alckmin é muito preparado. Outro dia me disseram ‘ah, o Alckmin não é novo’. Deus nos livre desse novo, do noviço”, diz o senador que, nas prévias do PSDB para a prefeitura de São Paulo, em 2016, acusou Doria de compra de votos.
Um terceiro nome é sugerido pelo ex-prefeito de Jaboatão, Elias Gomes. “Tasso Jereiassti (CE) seria a oportunidade do partido sair da política café com leite. Ele é nordestino e empresário bem sucedido. É uma grande oportunidade do partido se ‘nordestinizar’”, pondera.
Seja qual for o candidato, o PSDB de fato terá que compor uma chapa que dê espaço para o Nordeste já que o partido não tem força na região. Fernando Henrique Cardoso colocou o pernambucano Marco Maciel (então no PFL) na chapa que disputou a presidência e a escolha de um nome da região tende a se repetir.
“O PSDB é muito mais forte no centro-sul do que nas outras regiões. Isso conta muito contra o partido na sua macro-estratégia”, avalia o cientista político Elton Gomes.
O sociólogo Rodrigo Prando, de São Paulo, complementa. “O partido tem que entrar no Nordeste e Nordeste”, destaca.
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