Raquel Pitta, mulher do corretor Lúcio Bolonha Funaro, confirmou, em depoimento à Polícia Federal, ter recebido ligações telefônicas do ex-ministro Geddel Vieira Lima nas quais teria sido "pressionada".
A suposta pressão exercida por Geddel teria como objetivo evitar que o marido de Raquel fizesse um acordo de delação premiada e foi o principal argumento usado pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, para autorizar a prisão do peemedebista.
Geddel foi preso sob acusação de tentar obstruir a Operação Lava Jato. Depois, foi transferido da Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, para a Penitenciária da Papuda.
Leia Também
O depoimento de Raquel, prestado na última sexta-feira, foi solicitado por Vallisney de Souza na audiência de custódia realizada na quinta-feira passada em que manteve a prisão preventiva de Geddel. "Não tenho elemento para dizer nesse momento que não há indício de crime. Desse modo eu mantenho aqui o que coloquei na decisão de que há indícios de autoria e materialidade quanto a Geddel", afirmou o juiz Vallisney ao manter Geddel na Papuda.
Além do depoimento de Raquel, Vallisney também solicitou à Polícia Federal uma perícia no aparelho celular no qual ela recebeu a ligação. O trabalho ainda não foi concluído pela PF.
Na audiência de custódia, Geddel negou ter pressionado a mulher do corretor. "Em nenhum instante, impossível alguém demonstrar. Em nenhuma circunstância", disse o ex-ministro. Segundo Geddel, ele retornou uma ligação da mulher de Funaro que "ficou marcada em seu celular" e que na conversa não houve nenhum tipo de pressão.
Indagado pelo procurador Anselmo Cordeio Lopes, o ex-ministro afirmou que ligou "mais de dez vezes" para a mulher de Funaro, mas que nunca perguntou "se ela estava recebendo dinheiro".
Conversas
Bruno Espiñeira, advogado de Funaro, foi quem entregou à Polícia Federal as cópias das telas do celular com as conversas entre Raquel e o ex-ministro de Temer. As conversas pelo aplicativo WhatsApp foram registradas em oito datas entre 17 de maio e 1 de junho deste ano. Ao decretar a prisão preventiva de Geddel, o juiz Vallisney de Souza disse que ‘é gravíssimo’ o recente fato de o ex-ministro peemedebista ter entrado em contato telefônico com a mulher de Lúcio Funaro.