Crise política

Tadeu Alencar defende que Temer mantenha foro mesmo com renúncia

Deputado do PSB faz oposição ao governo federal e diz que população cobra os deputados para que votem pela saída do presidente do cargo

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Publicado em 17/07/2017 às 18:25
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Deputado do PSB faz oposição ao governo federal e diz que população cobra os deputados para que votem pela saída do presidente do cargo - FOTO: JC Imagem
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O deputado federal Tadeu Alencar (PSB) é um dos principais críticos do governo Michel Temer (PMDB) na Câmara Federal, mas ainda assim destacou que não veria problemas no peemedebista seguir com foro privilegiado mesmo se renunciasse ao cargo de presidente da República.

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"A manutenção do foro poderia ocorrer na interpretação de que a denúncia ocorreu e foi recebida enquanto ele tinha essa prerrogativa de foro. O Supremo (Supremo Tribunal Federal, STF) tanto já decidiu partir processos para manter quem tem foro nesse foro e reduzir à primeira instância outros personagens. Não seria uma coisa completamente fora de propósito que o presidente continuasse respondendo perante a Suprema Corte. Um acordo nesse sentido, até porque isso não é extravagante na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, seria uma saída razoável para que ele pudesse responder perante uma instância que lhe faria um julgamento isento sem ser molestado por eventuais manipulações de um processo na primeira instância", opinou.

Para Tadeu Alencar, Temer cometeu erros graves como presidente. Um deles seria governar mais para o Congresso e menos para a população. De acordo com o socialista, o peemedebista também errou na escolha de alguns de seus auxiliares.

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"Boa parte do ministério está sob a mesma suspeição que paira sobre ele", declarou.

Na entrevista à TV JC, Tadeu Alencar também comentou os protestos contra o presidente da República.

"Era desejável que as pessoas estivessem nas ruas, mas não dá para confundir a pouca participação popular em
movimentos de rua com conivência com a corrupção", disse.

PLENÁRIO

A votação da denúncia da Procuradoria Geral da República contra Temer no plenário da Câmara Federal está programada para agosto, após o recesso parlamentar. Tadeu Alencar avalia que essa demora pode prejudicar as intenções do presidente de se manter no cargo.

"Estamos a depender da animação de fatos novos. Fala-se muito de uma delação do Eduardo Cunha. Do ponto de vista do humor do plenário, quanto mais tempo passar é mais desgaste para o presidente. Há a possibilidade de que mais pessoas sejam cobradas nas suas bases. Eu viajo o Sertão inteiro e nunca vi uma participação tão grande em um assunto como em relação a esse. As pessoas estão cobrando uma posição da nossa parte sobre o Temer", declarou.

Dos 37 deputados do PSB, estima-se que 24 devem votar para que o presidente seja investigado. Tadeu Alencar refaz a conta. "Devemos ter entre 25 e 30 pela aceitação da denúncia", assegura.

O parlamentar afirma que o governo Temer acabou mesmo que o presidente consiga evitar ser afastado do cargo. "Em escapando (do plenário), escapa com um número de votos que não garante a governabilidade. Se você tiver apenas 200, 220 votos é suficiente para barrar a denúncia, mas o presidente não governa mais porque não aprova sequer Medida Provisória", pontuou.

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